
Quando se ouvirem tocar as trombetas do final dos tempos E uma brisa varrer a leveza do ar, como um fraco vento Levando os amores mortos, as paixões fracassadas Vagarão tristes os corpos descarnados dos vivos Que chegam a desejar a morte em meio a tanto deserto As ideias já não são, não sobreviveram à solidão De quem ainda pensava e de alguma forma esperava Cadáveres insepultos povoam os caminhos Crianças abandonadas, velhos desamados, mulheres acabadas Nesse mundo de egoísmo e violência insana Nem mais existe a força da revolta, toda a energia foi gasta Os homens duelaram sem armas, as palavras feriram mais do que a faca, a cobiça matou muito mais do que as balas Os poderosos distribuem fuzis e granadas para os fracos Todos se tornam pasto de todos na terra arrasada Aves de rapina dão seus rasantes ameaçadores Cães atacam seus donos e os estraçalham Já não há ordem, as leis morreram por falta de uso Pode-se ver o avesso do mundo, o outro lado da vida Até que um dia um ser, esmagado de tanto sofrer Levantará as mãos aos céus e bradará, em nome de todos Piedade, meu Pai! Misericórdia, Senhor! Pedindo ajuda ao Deus que ele ajudou a matar.
(Imagem: banco de imagens Google)