Eu vi a chuva chegar.
Desejada, sonhada, ao cair da noite ela veio,
mansa como uma criança pedindo um carinho.
Assim ela chegou.
Bateu nos altos galhos das grandes árvores, 
correu pelos telhados, 
escorreu pelos muros e paredes.
E molhou a terra. 

Molhou os caminhos, encharcou os gramados.
E no ar pairou o cheiro da chuva.
Então saí.
Para ver a chuva que chegou.
Para receber em mim essa bênção dos céus.
Para que ela corresse pelos meus cabelos 
e escorresse pelo meu corpo.
Queria sentir esse carinho de amante esperado, 
Esse abraço improvável.

Eu senti o cheiro da terra molhada a me inebriar
e senti o frio gostoso que a água da chuva provoca.
Então eu caminhei.
Andei na chuva, como a andarilha do destino 
que se contenta com o simples caminhar.
Porque não para onde ir. Somente há o ir.
Como também não há para onde voltar.
O passado acabou.

E a chuva veio.
E lavou os caminhos.
Agora, basta escolher um e por ele seguir.
Para nunca mais voltar. 
Para nunca chegar.

(Imagem: banco de imagens Google)

Ela é uma dessas meninas que sorriem com os olhos. Ela é uma dessas garotas que você só encontra uma vez na vida. Ela é uma dessas meninas que têm brilho e que se encantam pelas coisas mais simples do dia a dia. Ela é uma dessas garotas incríveis que poderiam ficar contigo até o final. E agora ela é uma dessas garotas que você perdeu.

É, cara. Você perdeu essa garota. Dá pra acreditar nisso? Logo ela que sempre esteve ali aceitando as suas birras e seu ciúme bobo, desistiu. Logo ela que sempre tentou dar um jeito na história de vocês, foi embora. Logo ela que sempre remou sozinha par vocês darem certo, cansou. Logo ela que jurou para você que para sempre estaria por perto, não está mais. É que ela cansou, cara. Ela cansou das suas mentiras, do seu teatro e dos seus joguinhos. Ela cansou de ser trocada e de ser tratada como a sua última opção. Ela cansou do seu comportamento mediano, da sua frieza, da sua indiferença e da sua falta de amor. A sua sorte era que o amor que faltava em você sobrava nela. Isso a fez ficar mais tempo do que deveria.

Ela foi embora. É que ela percebeu que ela merece coisa melhor. Ela percebeu que não merece ser tratada como um nada. Ela se deu conta do valor que ela tinha. Ela colocou um batom bonito, comprou uma roupa nova e foi tratar de se amar. Ela desistiu de você porque percebeu que já não fazia mais tão bem assim. Ela desistiu de você quando percebeu que não tinha mais forças para lutar por vocês sozinha. Ela desistiu de você quando descobriu que você não valia a pena. E aí ela escolheu se amar. Ela desistiu de você para viver por ela. Ela desistiu de você porque se amou. Ela desistiu de você porque não se permitiu desistir dela.

Existe uma razão dentro do meu peito
Uma razão que a própria razão desconhece
E nesses teus olhos castanhos mistériosos
É neles que a minha alma enlouquece
Sempre fiz a minha vida sem planos
O meu coração sempre se recusou entregar
Mas depois desse teu olhar...
O meu amor por ti tornou-se completamente insaciável
Dizem que o amor nos deixa tolos ou poetas
Mas que a minha tolice vire loucura
Porque depois de te conhecer
As minhas mãos jamais pararam de escrever
Podem nem sempre ser as palavras certas
As mais bonitas ou perfeitas
Mas a verdade é que nesse teu olhar
Nesse teu misterioso e profundo olhar
Nesses teus deslumbrantes olhos castanhos
A minha alma se tornou poeta
E nos teus braços compôs pela primeira vez
O mais bonito e sentido poema de sempre
Aquele que ficou marcado na alma eternamente
Tornando-te assim a menina dos abraços
Existe uma razao dentro do meu peito
Que mesmo sem a conseguir explicar
Faz com que cada vez que te veja 
Deixes o meu coração acelerado
Quando os nossos olhares se cruzam
Eu sinto dentro do meu peito
Algo que ninguém no mundo consegue entender
Porque a poesia de um coração apaixonado
Apenas pode ser lida e escrita no olhar certo
Nesses olhos castanhos que me enfeitiçam 
Onde a minha alma de poeta se encantou
Onde o meu coração se apaixonou
Quando os nossos braços se abraçaram
E a palavra amor se tornou insaciável...     

Eu te amo
sem orgulho
sem esperança.
Como o mar ama a montanha
sem jamais a alcançar
e, por suas ondas, incessantemente,
tenta chegar a seus pés
 
Eu te amo
com desvario
com insanidade
como a lua ama o sol
sem jamais encontrá-lo
e sem temer o abraço fatal
que os fundiria irremediavelmente
 
Eu te amo
sem vaidade
sem egoísmo
com um amor que não tem brio
que sufoca a dignidade
e se basta a si mesmo
 
Eu te amo
com loucura
com paixão
nesse doce devaneio
que é apenas insanidade
esse constante delírio
de inquieta alucinação

(Imagem: foto de Carlos Eduardo Ferreira)