
Uma estrela que vivia no plano mais alto do céu andava preocupada com a falta de sono.
A insónia estragava-lhe os dias, desassossegava-lhe as noites.
A estrela já quase nem brilho tinha para iluminar a madrugada fria e para anunciar a chegada da manhã.
– Não sei o que hei-de fazer para melhorar deste mal – queixou-se a estrela à sua amiga Lua, que lhe recomendou:
– Apaixona-te por um cometa e, com um beijo dele, voltarás a ficar de bem com o sono, garanto-te.
A estrela acreditou que o remédio podia resultar e, por isso, pôs-se à varanda do céu, à espera de ver passar o cometa que a curasse do incómodo da insónia.
Quando ele apareceu, foi amor à primeira vista.
O beijo veio logo a seguir e, com ele, o sono descansado de que a estrela tanto precisava.
E foi um sono prolongado e profundo que a acalmou e deixou mais segura e tranquila, numa grande paz de espírito.
Mas surgiu um problema.
A estrela pôs-se a dormir o sono solto e o cometa já nem pelo rasto podia ser localizado…
Ela ficou triste e pôs-se a chorar.
Voltou a adormecer para conseguir esquecer.
Trocou a paixão pelo sono e a felicidade pela calma desejada.
A Lua, que era sua amiga, disse-lhe ao ouvido para a animar:
– Não fiques triste, porque os cometas são como as paixões, vêm e vão mais velozes do que o vento.