
Quem me quiser há-de saber as conchas, a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser há-de saber as ondas e a verde tentação de naufragar.
Quem me quiser há-de saber as fontes, a laranjeira em flor, a cor do feno, a saudade lilás que há nos poentes, o cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem me quiser há-de saber a chuva que põe colares de pérolas nos ombros, há-de saber os beijos e as uvas, há-de saber as asas e os pombos.
Quem me quiser há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos a nudez clamorosa dos meus dedos, o salmo penitente dos meus gritos.
Quem me quiser há-de saber a espuma em que sou turbilhão, subitamente.
Ou então não saber coisa nenhuma e embalar-me ao peito, simplesmente.
(Imagem: banco de imagens Google)