
Quando a ausência se materializa
Em forma de profundo silêncio
E a indiferença ocupa todos os espaços
Finalmente você entende.
Entende que paixão foi a fumaça
Que fez de conta que seria amor
Que a brisa a espalhou e apagou.
A brisa que vem de outra presença...
Seu mundo tão rico, tão colorido
Agora se apequena em tons cinzentos
E nada mais adianta nem vale a pena
Da intensa descrença inicial
Nasce a habitual tristeza
E tudo o que não cabe mais na alma
Jorra pelos olhos em lágrimas de sal
A dor, a angústia, o vazio, crescem
E tomam conta do seu ser, da sua vida
E, a cada lágrima que rola em seu rosto,
Uma cicatriz de lembrança surge no coração
Até o dia em que mesmo essa dor
Essa dor, tão cortante, que mora em você,
Tão doída, sofrida e esmagadora
Se torne, ela mesma, em sua existência,
Mais uma doce recordação...
(Imagem: banco de imagens Google)