Saudade é como sol de inverno: ilumina, mas não aquece.

Ouço Isabel, com o grupo Il Divo.
Flutuo. Saio do chão. Que vozes, que arranjos, que repertório.
Algumas músicas nos tocam de forma especial e se tornam parte de nossa alma, é emoção pura.
Vejo que muitas das músicas que me empolgam têm um nome feminino ou se referem a uma determinada mulher.
Foi assim com Luiza, Ana Luiza, Carolina, Débora, Espanhola, Audrey…
E, principalmente, com Lígia.
É inevitável, ao ouvi-la, uma fugaz lembrança do que não foi, não aconteceu, ficou num passado tão remoto que parece que não vivi, não foi comigo.
E outras músicas, que também mexem com a emoção, sem estar necessariamente ligadas a nenhuma pessoa, a nenhum fato, mas despertam algo como uma recordação fugidia, uma evocação abstrata, que não se detém em nada palpável, tudo escapa do controle do pensamento, você quer pensar em alguma coisa fixa, mas tudo passa pela cabeça.
Um violino que parece um lamento, um sax chamando para o sonho, o piano que leva a lugares desconhecidos.
Os boleros, blues e jazz que ouvimos ao fundo das conversas nos bares, ainda que toquem sempre as mesmas músicas, mas dão o ar todo especial, algumas músicas da fase áurea do Chico Buarque, Tom Jobim, e, sempre ele, especialmente, Vinicius de Moraes, meu grande ídolo na poesia e na música.
Nada melhor que um barzinho bem lindo, com decoração apropriada, um uísque de primeiríssima, malte, aqueles petisquinhos para acompanhar, uma ótima companhia e… o piano com sax e celo.
Isso é programa. O resto é mera tentativa.
Acho, que, no fundo, estou começando a envelhecer.
(Imagem: Banco de imagens Google)