A todas as pessoas que passaram pela minha vida; às que ficaram e às que não ficaram; às pessoas que hoje são presença, àquelas que são ausência ou apenas lembrança… – desde 2008 –
Quando foi que a gente desaprendeu a sonhar? Quando foi que a gente anuviou o olhar e parou de contar estrelas, plantar roseiras, ver borboletas no jardim? Quando foi que a gente se engessou e não soube mais desenhar na areia, rabiscar o chão, as paredes, pintar primaveras? Quando foi que a nossa voz se calou, o nosso canto adormeceu e a gente soltou a mão, saiu da ciranda, encerrou a brincadeira? Onde foi que a gente se perdeu? Em quais esquinas a gente se perdeu? Onde ficaram os dias de chuva, a cerca florida, a terra molhada, o namoro no portão? Onde se esconderam os suspiros, a canção que vinha de longe, os verões intermináveis? Quando foi que a gente desaprendeu a sonhar? E fechou a janela. E escureceu a paisagem. E esqueceu como é que se escreve sau-da-de. Quando foi que a gente deixou de viver, desaprendeu a respirar, se aprisionou nas urgências, na pressa dos dias? Quando foi que a gente deixou de viver? Viver de verdade...