
Sempre Neruda

Blog de de Alice – Alinhavando letras
A todas as pessoas que passaram pela minha vida; às que ficaram e às que não ficaram; às pessoas que hoje são presença, àquelas que são ausência ou apenas lembrança… – desde 2008 –


O triste ano de 2024…
Um ano que nem deveria ter começado. Não faria falta.
Só tristezas, doenças, tragédias, insegurança…
Desde o primeiro dia esse ano está estranho. Hostil aos humanos, Aos animais. À natureza.
O mês de janeiro de 2024 foi o mais quente da história. Seguido de intensas chuvas, deslizamentos, alagamentos, perdas de vidas e patrimônios.
Guerra, mortes, atentados.
Doenças se alastrando.
O ano seguia e nada melhorava.
A cada mês, mais tristezas, mais desgraças.
Aviões caindo.
Muitos vulcões em erupção.
Chuvas de meteoros.
Asteróides ameaçadores.
Tsunamis.
Terremotos.
Mais mortos. Mais tristeza.
Assim encerramos agosto.
Em chamas.
Milhares de focos de incêndio pelo país.
Alguns mortos.
Muitas perdas na lavoura. Provavelmente muitas perdas na pecuária. Sem contar os inúmeros pássaros e animais silvestres que morreram no fogo, uma vez que as fortes rajadas de vento o espalhavam subita e invencivelmente.
Dezenas de cidades por todo o país em estado de emergência pelo fogo. É possível avistar, dos satélites, a espessa fumaça que cobre o Brasil.
Mais doenças. Mais tristeza.
E ainda há alguns meses a cumprir neste malfadado ano.
Podia terminar antes de entrar setembro.
Deixa esse final para depois.
Ou recomeça de 1° de janeiro, ou se encerra.
Sem qualquer dúvida, provavelmente o pior ano de nossas vidas. Será lembrado como O Ano das Grandes Desgraças.
O que de pior ainda nos espera nos últimos meses?
(Imagem: banco de imagens Google)

Träume ruhig weiter. Das darfst sollst Du.

Gosto muito de cinema. Houve períodos em minha vida (antes dos domésticos videocassetes) que ia ao cinema três ou quatro vezes por semana. Resultado: assisti a muito filme ruim, mas também vi inesquecíveis.
Naquela época sonhava em ter uma casa com uma sala de cinema só minha para assistir a meus filmes, sem os inconvenientes de plateias, por vezes sem muita educação.
Mas o progresso chegou e nem precisei tanto: basta um aparelho de televisão, o DVD e uma “filmoteca” (hoje, dvdteca) particular e pronto.
Infelizmente falta tempo e já não vejo mais tantos filmes quantos gostaria.
Sondo todos os sites de venda de DVDs, escarafuncho com afinco, e vou conseguindo alguns filmes de mais de 40 anos. E é um prazer vê-los e/ou revê-los.
E participar do filme, sair da realidade, assim como em “A Rosa Púrpura do Cairo”.
E confundir realidade e ficção, como em “A Mulher do Tenente Francês.”
Se quer retesar a alma como uma corda de violino, que tal “Kolya, Uma Lição de Amor”? Ou “Música do Coração”?
Precisa rir? “Um Convidado Bem Trapalhão”, ou “Parente é Serpente”…
Poesia e beleza? “As Pontes de Madison”; “Lendas da Paixão”…
Antigos interessantes, como “No Caminho dos Elefantes”.
E ainda ficção científica, como “Westworld, Onde Ninguém Tem Alma”.
Aventuras, épicos, faroestes, históricos, documentários… É um rico mundo paralelo.
E pergunto: para que analistas, psicólogos e similares? Nenhum mal da alma há que um bom filme não cure.
(Imagem: banco de imagens Google)

Acordei quando a terra dos sonhos faltou sob a
minha cama.
Uma coluna cega de cinza cambaleava no meio da noite,
eu te pergunto: morri?
Dá-me a mão nesta ruptura do planeta
enquanto a cicatriz do céu roxo se faz estrela.
Ai!, porém recordo, onde estão?, onde estão?
Por que ferve a terra enchendo-se de morte?
Oh máscaras sob as vivendas enroladas, sorrisos
que não atingiram o espanto, seres despedaçados
sob as vigas, cobertos pela noite.
E hoje amanheces, oh dia azul, vestido
para um baile, com a sua cauda de ouro
sobre o mar apagado dos escombros, ígneo,
buscando o rosto perdido dos insepultos.
(Imagem: banco de imagens Google)

Meu pai, dá-me os teus velhos sapatos manchados de terra
Dá-me o teu antigo paletó sujo de ventos e de chuvas
Dá-me o imemorial chapéu com que cobrias a tua paciência
E os misteriosos papéis em que teus versos inscreveste.
Meu pai, dá-me a tua pequena chave das grandes portas
Dá-me a tua lamparina de rolha, estranha bailarina das insônias
Meu pai, dá-me os teus velhos sapatos.
(Imagem: Vincent van Gogh – Shoes, 1886. Metropolitan Museum of Art, New York)