
Feliz, olhou para a luz esplendorosa do dia e começou sua trajetória. Ainda um pouco fraco, mas foi ajuntando forças ao começar a descida, tornando-se visível e cintilante.
Como um prisma, desconstruía a luz em seus mais belos espectros, assumindo cores e tons de rara beleza.
Ainda que tão pequeno, sonhava grande.
Agora conseguira ganhar o mundo e já se enxergava longe, bem longe, nas savanas africanas, com sua cobertura rasteira entrecortada por árvores esparsas. Passar por Madagascar e ver, de perto, os imponentes baobás.
Conhecer Katmandu e os templos da cultura hindu, passear por Indra Jatra, e participar de seu magnífico festival religioso de danças com máscaras.
Mas quer ver a neve. As neves eternas do Kilimanjaro…
Ou da Sibéria, atravessar todo o Norte e chegar ao Monte Elbrus, ultrapassar o Cáucaso e os Urais, e, depois, navegar pelos fiordes. Conhecer os glaciares, e ainda ver a aurora boreal.
Correr o mundo, as praias paradisíacas, as ilhas perdidas, os mares que não se misturam. Tanto a ver, a conquistar. Sabe que sua vida será de aventuras e glórias!
E, assim sonhando, não percebe que está se desmanchando.
Ainda sonhando com flores e músicas de outros mundos, o pequeno pingo d’água chega, quase seco, ao fim de sua tão curta descida.
E, ao se desmanchar, vê, entristecido, juntamente consigo, todos seus sonhos se desvanecerem…
(Imagem: banco de imagens Google)