
(Imagem: banco de imagens Google)
Foi em um 19 de outubro que nasceu o Poeta. O maior Poetinha do século XX. O grande Vinicius de Moraes.
E, nesse dia 19 de outubro, de certa forma, no Brasil, nasceu a Poesia. Porque por suas mãos ela tomou forma. Por suas paixões ela se fez. Por sua vida ela viveu. Impossível separar Vinicius da Poesia. Eram um só. Ele vivia para ela e ela vivia por ele.
Por isso tão especial essa data – 19 de outubro – dia dos que amam, sofrem, se embriagam de paixão. Dia de Vinicius de Moraes.

Desesperados vamos pelos caminhos desertos
Sem lágrimas nos olhos
Desesperados buscamos constelações no céu enorme
E em tudo, a escuridão.
Quem nos levará à claridade
Quem nos arrancará da visão a treva imóvel
E falará da aurora prometida?
Procuramos em vão na multidão que segue
Um olhar que encoraje nosso olhar
Mas todos procuramos olhos esperançosos
E ninguém os encontra.
Aos que vêm a nós cheios de angústia
Mostramos a chaga interior sangrando angústias
E eles lá se vão sofrendo mais.
Aos que vamos em busca de alegria
Mostramos a tristeza de nós mesmos
E eles sofrem, que eles são os infelizes
Que eles são os sem-consolo...
Quando virá o fim da noite
Para as almas que sofrem no silêncio?
Por que roubar assim a claridade
Aos pássaros da luz?
Por que fechar assim o espaço eterno
Às águias gigantescas?
Por que encadear assim à terra
Espíritos que são do imensamente alto?
Ei-la que vai, a procissão das almas
Sem gritos, sem prantos, cheia do silêncio do sofrimento
Andando pela infinita planície que leva ao desconhecido
As bocas dolorosas não cantam
Porque os olhos parados não veem.
Tudo neles é a paralisação da dor no paroxismo
Tudo neles é a negação do anjo...
...são os Inconsoláveis.
(Os inconsoláveis. RJ, 1933)
(Imagem: foto de Maria Alice)