A todas as pessoas que passaram pela minha vida; às que ficaram e às que não ficaram; às pessoas que hoje são presença, àquelas que são ausência ou apenas lembrança… – desde 2008 –
Não desista do amor. Desista de pessoas confusas, de quem não sabe o que quer, de quem não valoriza seu afeto, de quem não enxerga a pessoa incrível que você é.
Não desista do amor. Desista de tentar mergulhar em pessoas rasas, de quem vive na superficialidade das aparências, de quem não tem a profundidade para comportar a sua imensidão.
Não desista do amor. Desista de ficar dando novas chances para quem já mostrou várias vezes que não é a pessoa certa para você, de insistir em portas que não se abrem, de se negar a ver quem o outro já mostrou ser.
Não desista do amor. Desista de quem te machuca, de quem tira a sua paz, de quem ameaça o seu equilíbrio emocional.
Mas não desista do amor. Porque o amor de verdade é força que move a existência, é energia que da mais sentido a vida, é sentimento que conecta os seres e os coloca juntos numa jornada de crescimento a dois.
É por isso que do amor nunca se desiste. Ele nos pertence. A gente desiste é das pessoas que tentam nos afastar dele. O amor a gente abraça.
É a saudade que faz o dia nublar em pleno sol. É a saudade que impede a chuva cair para lavar a terra árida de um coração solitário.
E é a saudade que orvalha os olhos a qualquer lembrança que assalta a mente, ao ouvir uma determinada música, ao sentir um perfume…
Essa ausência dolorida que tira as cores da vida e torna tudo cinzento.
Que não deixa o coração bater sossegado, e o apressa, e o freia, e tira todo seu ritmo.
Tanta saudade que o corpo já não reage – não há dia, não há noite, não há fome, não há sono nem alegria nem esperança.
Essa é a desesperança que a saudade traz e que anula toda vontade de viver.
É a saudade que bate a janela durante a noite toda e impede o adormecer.
Essa falta de motivo, essa vontade de apagar, esse desejo de sumir.
E, em um dia no ano, no Dia da Saudade, podemos sentir toda essa saudade intensa, dar vazão à dor, e ao desespero, que não cabem no peito e escorrem pelas faces como lágrimas de angústia.
Não, não é a insônia que não deixa dormir. É a saudade…
Tem dias que sua ausência pesa tanto que parece impossível continuar respirando. Eu quero te ver, te ouvir, te tocar, mas só resta o silêncio. E, ainda assim, algo dentro de mim me diz que você ainda está aqui, escondido nos pequenos detalhes.
Deixe-me sentir você na brisa que acaricia meu rosto, na canção que aparece quando mais sinto sua falta, no perfume daquilo que um dia compartilhamos. Deixe-me sonhar com você, porque nos sonhos não há despedidas, apenas abraços que não se desgastam.
Deixe eu te encontrar nas memórias que agora são meu refúgio. Ensina-me a te ver nos sinais que me cercam, no voo de um pássaro, no brilho de uma estrela, no sorriso de um estranho.
Eu prometo que vou continuar, não porque a dor é pequena, mas porque o amor que você deixou é maior. Vou continuar porque sei que você ainda está aqui, em tudo ao meu redor, sussurrando para mim que isto não é um adeus, mas um até logo.
Deixe-me sentir você, porque embora não possa te ver, o amor nunca se despede.
Naquele dia “12 de abril de 1945” eu vi meu primeiro campo de horrores. Ficava próximo à cidade de Gotha. Nunca fui capaz de descrever minhas reações emocionais quando encarei pela primeira vez a evidência inquestionável da brutalidade nazista e o desrespeito cruel a qualquer senso de decência. Até então eu só conhecia aquilo em termos gerais ou através de fontes secundárias. Estou certo, no entanto, de que jamais, em qualquer momento, experimentei uma sensação de choque igual. Visitei cada canto e esconderijo do campo pois senti que era meu dever estar em posição, a partir de então, de testemunhar em primeira mão sobre aquelas coisas, caso em algum momento surgisse a crença ou hipótese de que “as histórias de brutalidade nazista foram apenas propaganda”. Alguns integrantes da equipe de visitação foram incapazes de prosseguir com o suplício. Eu não só o fiz como, assim que retornei ao quartel-general de Patton naquela tarde, mandei mensagens a Washington e Londres requisitando que ambos os governos enviassem instantaneamente à Alemanha um grupo aleatório de editores de jornal e grupos de representantes das legislaturas nacionais. Senti que a evidência deveria ser apresentada imediatamente aos públicos americano e britânico de uma maneira que não deixaria lugar para dúvidas cínicas.
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A evidência visual e o testemunho verbal da fome, crueldade e bestialidade foram tão esmagadores que me deixaram um pouco enjoado. Em um determinado cômodo, eles haviam empilhado vinte ou trinta homens nus, mortos de fome, e George Patton não foi capaz nem de entrar. Ele disse que ficaria enjoado se o fizesse. Eu fiz a visita deliberadamente, com a intenção de ser capaz de dar um testemunho em primeira mão dessas coisas caso no futuro surja uma tendência em atribuir essas acusações à mera “propaganda”. (Dwight D. Eisenhower), Comandante Supremo das Forças Aliadas).
Hoje, 27 de janeiro, é o dia dedicado à lembrança dos horrores da Segunda Guerra. Fixado nessa data, na qual, no ano de 1945, os soviéticos libertaram os prisioneiros do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau.
Mas não um dia de comemoração. Porque nada há a ser comemorado. Só muita lembrança triste. Opressiva.
Convivi com sobreviventes de alguns desses lugares. Chorei todas as vezes em que ouvi suas histórias.
Um traço comum entre todos era contar a história diversas vezes e mostrar o número tatuado no braço, como se tivessem medo que não eu não acreditasse. Eu sempre acreditei. Essa página horrível da história sempre me tocou profundamente, como se eu tivesse participado de tanto sofrimento.
E os relatos eram sempre assemelhados – crianças, ainda, levados com a família, não sabiam para onde estavam indo. Não havia nenhum tipo de divulgação do que viriam a sofrer, a que seriam submetidos. Ao chegarem, as famílias eram separadas – homens para um setor, mulheres para outro. Era a última vez em que se viam.
A maioria relata que a mãe não aguentou muito tempo, morrendo logo, de fome, fraqueza ou doenças ali existentes.
Outros relatam que sobreviveram porque eram os mais jovens da família e viram o pai / a mãe / irmãos ou irmãs mais velhos morrerem ou serem mortos.
Quando da chegada dos aliados, esses sobreviventes (sobreviventes?????) foram encontrados em condições indescritíveis, de acordo com seus salvadores.
Por isso 27 de janeiro não é dia de comemoração.
É dia de recolhimento, meditação. De pensarmos como a humanidade pode assistir a tal horror. E lutarmos para que o holocausto não seja esquecido e muito menos negado, e sempre lembrado nesse dia dedicado à memória das vítimas.
Marian Turski, 93 anos, judia polonesa sobrevivente, nos adverte : ”Auschwitz n’est pas tombé du ciel soudainement, Auschwitz trottinait, marchait à petits pas, se rapprochait, jusqu’à ce qu’il arrivât ce qui est arrivé ici” (Auschwitz não caiu do céu repentinamente, Auschwitz trotou, andou a passos pequenos, aproximou-se, até que aconteceu tudo o que aconteceu aqui), e termina suplicando aos políticos, poderosos e ao povo: “Não sejam indiferentes!”
Nunca estaremos totalmente livres de outro regime de horror. Mas se não negarmos que já existiu, se estivermos alertas aos primeiros passos (desde a abjeta substituição da bandeira de um país pela bandeira de um partido político nas manifestações públicas, por exemplo), unidos no bem e em nome do bem, conseguiremos evitar se repita.
Mas – volto a afirmar – hoje não é dia de comemorar nada, exatamente nada, apenas tristemente relembrar o que não pode ser esquecido.