
Adoro gente doida.
Não a doida perigosa, destrutiva, vazia.
Adoro a doida intensa.
A que sente demais,
a que vive sem filtro,
a que não aprendeu a ser morna.
A que ri alto,
chora fundo,
ama sem manual de instruções.
A que diz o que pensa.
Não quer chocar; só não sabe mentir.
A doida que se emociona com um cão na rua,
que vê beleza numa esquina suja,
que se despede das coisas como se fossem pessoas.
A que se entrega até quando sabe que pode partir-se.
A que se parte tantas vezes que já perdeu a conta.
A gente doida de humana.
Os outros, os que se orgulham do equilíbrio,
da racionalidade perfeita,
das emoções controladas como quem gere um orçamento,
esses é que me assustam.
Quem nunca enlouqueceu um dia enlouquece de vez.
Coitado de quem nunca perdeu o chão.
De quem nunca chorou sem saber porquê.
De quem nunca quis gritar no meio da rua sem motivo.
Os que evitam a loucura ficam malucos num instante.
E o pior é que nem sequer dão por isso.