
Dia de poesia – espaço para Li Shutong

Blog de de Alice – Alinhavando letras
A todas as pessoas que passaram pela minha vida; às que ficaram e às que não ficaram; às pessoas que hoje são presença, àquelas que são ausência ou apenas lembrança… – desde 2008 –



Eu esperei por você.
Fiquei dias trancada dentro de mim mesma, na absoluta solidão, esperando por alguém que não nunca iria vir. Por horas e horas a fio eu esperei você ligar ou dar um sinal de fumaça.
Um simples telefonema era tudo que eu queria, mas você sempre foi muito pequeno para entender de sentimentos, isso supera sua compreensão.
Sim! Eu estou te chamando de ser limitado.
Caso não fosse você teria voltado pelo menos para me dar uma explicação mais plausível. Mas você não veio no 1°dia, nem no 2°, muito menos no 3°… E hoje me pergunto se algum dia você realmente esteve aqui.
Mas isso já não importa, já matei lembranças e enterrei meu passado.
E quer saber? Foi melhor você nunca ter ligado!
(Imagem: banco de imagens Google)


Não nasci para agradar ninguém
Nem tão pouco ao meu ego
Me permito escutá-lo
Mas não a ouvi-lo
Insegura do seu apelo e credibilidade
Sirvo de passagem
Ao que me querem
E ao que por aqui estou
E nada mais se fará em mim
Louca, incompreendida
Ou simplesmente humana
Pouco importa a real definição
Para real já me basto eu
Rasurada de todas as ilusões
Numa mórbida e cruel peça
Onde me invento e encarno
Procurando sentido
Não nasci para agradar ninguém ...
Talvez até o tenha
A meu pai, a minha mãe
Ou até entregue
A prazeres dubios e carnais
Pouco me importa ...
Se tiver de agradar alguém
Que sirva à minha identidade
Tão abstracta e peculiar...
Mas não...
E não me vejam como matriz
Porque de mim nada mais brotará
Que as certezas que trago dentro...

Porque um dia olhei para você com olhos de amor e paixão, fiz de você meu sol e meu mundo, fiz de mim uma pessoa melhor para fazer você feliz.
A meu redor flores de alegria se abriram e coloriram a realidade, águas claras e puras correram entre as pedras, e noites calmas sucederam dias intensos.
O tempo, implacável, fez-nos passar, tirando-nos, aos poucos, nacos de vida, e os caminhos nos levaram à inevitável bifurcação.
Eu sei, um dos caminhos era o mais complicado, com as dificuldades, a escuridão. O outro, bem mais fácil, era, na verdade, a fuga ideal para pessoas fracas.
Ali você soltou da minha mão. Seguiu o caminho mais simples, atraído por chamados inferiores.
Eu continuei minha jornada, preparada para o que a vida me reservasse.
Enfrentei o difícil. O caos. A dor.
E segui meu caminho. De pedras e lágrimas.
Paralelos seguimos cada um por seu próprio rumo.
Aos poucos fui ultrapassando o pior. E as pedras e infortúnios foram, um a um, deixados para trás. Encontrei campos amigos. Águas frescas. E meu caminho foi-se tornando leve, macio, acolhedor.
Hoje, chegamos o ponto infinito onde as paralelas se encontram. Frente a frente. Cara-a-cara. Novamente nossos caminhos se cruzaram.
E vejo você, judiado, maltratado pela vida. Vejo que seu caminho foi o inverso do meu. Começou tão florido e iluminado, mas você também precisou enfrentar pedras e trevas. Mas não estava preparado para isso. Soçobrou.
Olhos baixos, já não me encara. Consumido por seu própriou orgulho.
Mas, sob tantas cinzas, sei que guardamos algumas brasas no fundo do peito.
Não é possível recuperar o que foi perdido. Não é possível reconstruir nada sobre ruínas.
Mas sempre é possível retomar um caminho perdido em atalhos escusos.
Estendo a você minha mão. Porque o caminho volta a ser apenas um. Juntos ou separados, de agora em diante seguiremos pela mesma estrada.
Então que seja juntos, quem sabe será possível caminharmos lado a lado.
E a vereda, daqui em diante, aparenta ser mais leve, agradável e luminosa.
(Imagem: banco de imagens Google)