
Meados de outono. O último verão se foi, depois da última primavera.
A natureza se repete, com mais ou menos intensidade. Mas se repete. As noites sucedem os dias e estes dão lugar às novas noites. Dias com sol ou de chuva. Noites com ou sem luar. Mas noites e dias se intercalam em perfeita harmonia.
Talvez tudo não passe de uma imensa engrenagem em que duas rodas dentadas – uma de dias outra de noites – se encaixam e se soltam em eterno movimento.
O sol sempre nasce do mesmo lado. E a lua é precedida da primeira estrela. Que ressurge ao amanhecer. Vênus.
Um planeta com nome de mulher, conhecido como “estrela da tarde”.
Curiosamente, Vênus se faz visível no final do entardecer. Antes que seja inteiramente noite. E depois se mostra novamente antes do amanhecer, quando o dia começa a clarear.
Onde será que fica o resto do tempo? O que Vênus faz durante a noite, enquanto desaparece do céu?
As marés se repetem. Cantando a mesma cantiga dia e noite. Mansas ou ferozes, mas ali estão, sem falhar jamais.
Conversam com a lua. Alteram ritmos biológicos. Influem nos nascimentos. E encantam a humanidade.
As árvores nascem e crescem silenciosamente. Decoram a natureza. Alimentam os homens. E caem com fortes estrondos, assustando toda a vida em seu redor.
E assim a Terra segue sua sina, carregando toda a natureza.
Agora é outono.
Há de vir outro inverno. Menos ou mais rigoroso que os anteriores. Mas virá. Nunca faltou.
E depois, novamente, as flores anunciarão ao mundo outra primavera.
(Imagem: foto de Maria Alice)