
Hoje, Dia das Mães.
Para alguns, nada, pois a mãe para estes nada significa. Para muitos, dia de visita, de comemoração, de festa.
E para os órfãos?
Dia de lembrar? Lembrar de dezenas de Dias das Mães que foram comemorados?
Quantas vezes foi preciso viajar centenas e centenas de quilômetros, mas Dia das Mães era sagrado. E era preciso estar perto dela.
Nenhum sacrifício, nenhuma lamentação – era Dia das Mães, era dia de ir para a casa dela.
Até que chega esse primeiro Dia das Mães sem ela. Que tentou enfrentar a realidade da viuvez, mas a vida perdeu o encanto, os olhos perderam o brilho. Nada preenchia a ausência dolorida que ela trazia dentro da alma nos últimos anos.
Mas, para o mundo, é, de novo, Dia das Mães.
Aonde ir? Onde ficar? O que fazer?
Estranha a ausência irreversível da morte.
Em um momento, estamos todos juntos. Uns sonhando, outros planejando, outros realizando… de repente, um se vai. Aquela cadeira da sala ficará eternamente vazia, mesmo que alguém se atreva a se sentar nela.
Às vezes a visão de uma flor, um perfume no ar, uma música vinda de um lugar não identificado, e a pessoa está ali, presente. E você se dá conta do engano – ela não está ali, ela se foi.
Você olha aquele documento oficial, onde tem uma linha escrita “causa da morte”, que foi preenchida com “senilidade”.
Mas no seu íntimo, você sabe que não é isso. Que, na verdade, a causa da morte foi tristeza e saudade.
A mãe nasce quando o primeiro filho nasce. E se perpetua nos filhos, se multiplica nos netos e continua viva nos bisnetos.
Então, enquanto um de nós ainda estiver vivo, ela também estará.
E, para ela, nossa oração de órfãos neste Dia das Mães.
(Imagem: foto do acervo da autora)