
Pelo Dia Mundial do Escritor

Blog de de Alice – Alinhavando letras
A todas as pessoas que passaram pela minha vida; às que ficaram e às que não ficaram; às pessoas que hoje são presença, àquelas que são ausência ou apenas lembrança… – desde 2008 –



A chuva
esconde
as lágrimas.
O desejo se fez intenso.
Rebolando pelo chão,
abraçados
sem medo.
A chuva
deixou o seu rasto ,
nesse profundo desejo.
O sorriso,
a paixão.
O amor
faz esquecer
as lágrimas
escondidas
num dia de verão ,
em que a tempestade
morreu
num abraço perfundo.
Um amor eterno,
quase impossível
nas margens
submersas
de um amor
que se afogou.

Quem foi, me diz, quem foi
Que abriu o meu sorriso e iluminou o meu olhar?
Que trouxe tanta alegria, tanta fantasia e desenhou
Um futuro nessa minha vida, sempre triste e apagada?
Quem foi, me diz, quem foi
Que desmanchou meu penteado, bagunçou meu coração
Esparramou meus sentimentos, amassou os meus lençóis
Abriu as janelas do futuro e me mostrou um novo mundo?
Quem foi, me diz, quem foi
Que pegou na minha mão e me levou por tantos caminhos
Mergulhou comigo nos rios e juntos voamos entre as nuvens
Dançou comigo nas praças e me ensinou trilhar novos atalhos?
Quem foi, me diz, quem foi
Que um dia simplesmente partiu e me deixou,
Que apagou o brilho dos meus olhos
Pisoteou meus sonhos de menina e quebrou o encanto da minha paixão
Destruiu meu mundo feito de amor e cristal e me abandonou?
Quem foi, me diz, quem foi?
(Imagem: banco de imagens Google)

O homem se via envelhecer, sem protesto contra o tempo.
Ansiava, sim, que a morte chegasse.
Que chegasse tão sorrateira e morna como lhe surgiram as mulheres da sua vida.
Nessa espera não havia amargura.
Ele se perguntava: de que valia ter vivido tão bons momentos se já não se lembrava deles, nem a memória de sua existência lhe pertencia?
Em hora de balanço: nunca tivera nada de que fosse dono, nunca houve de quem fosse cativo.
Só ele teve o que não tinha posse: saudade, fome, amores.
Porque nasci poeta fui mais intensa que muitas
E, sendo mais intensa, sofri por mais razões
A delicadeza da minha alma não encontrou paz
E minha sede de ser amada nunca foi saciada
Porque nasci poeta nunca fui igual a todas
E naveguei outros mares, remei outros barcos
Não via a mesma lua que as outras pessoas viam
E não gostava dos natais nem dos finais de ano
Porque nasci poeta não quis viver até o fim
Desisti um dia, por desamor, no meio do caminho
E fiquei apenas observando a hipocrisia humana
Enquanto espero a carruagem do não-ser me buscar
(Imagem: banco de imagens Google)