
A madrugada foi feita para se pensar. Não para se dormir.
Quem tem insônia sabe a verdade por trás dessas palavras.
Alguns minutos ou mesmo uma ou duas horas de sono. E ela chega. Deita-se a seu lado. E te faz acordar.
Silêncio total. Escuro sepulcral. Mas ela está ali. Insistente. Presente. Atrevida e arrogante.
E impede o sono.
A expressão “noite em claro” é mais do que adequada: de olhos abertos se vê o escuro total, mas, se tentar fechar os olhos, está tudo claro, como se houvesse uma potente lanterna acesar dentro do cérebro.
Tortura.
O pensamento voa. Por vezes até algumas lágrimas surgem, lembrando noites não tão solitárias, em que a insônia não encontrava espaço.
Ela não respeita cansaço. Nem tristeza. Nem necessidade de dormir.
Ela força a mente a trabalhar enquanto todas as pessoas abençoadas do mundo dormem seu sono de paz.
Ela é a própria ausência da paz. A imagem do tormento.
Força que se recordem coisas tristes, que seria melhor serem esquecidas. Força a saudade a doer até sangrar a alma.
Mostra a pequenez do ser humano em sua nudez absoluta.
E é fiel: não te trai, não te esquece, não se atrasa – todas as madrugadas chega no mesmo horário.
Quem sabe um dia encontrará outro mortal para atormentar e te deixará, finalmente, dormir…
(Imagem: banco de imagens Google)