
Na hora de se soltar, chegou a sentir um início de sobressalto. Sabia a loucura que fazia, mas precisava daquela adrenalina. Toda primeira vez era assim.
Seria uma descida presa a mais de 100 metros de altura. Por cima da Serra do Mar. Mais de 500 metros de percurso no ar.
Sua diversão era se sentir solta no ar.
Começou com a asa delta. Daí veio o parapente, o paraquedismo, o sky diving. E, no meio de tudo isso, balonismo, tirolesas. Em criança frequentava um local de treinamento de artistas circenses, e amava o trapézio. Quando se soltava de um instrutor e “voava” até encontrar as mãos do outro treinador em outro ponto, sentia-se plena, dona de si. E ali descobriu que, se não nascera pássaro, voaria como pudesse.
Quando viu a altura dessa tirolesa, deu uma examinada nos itens de segurança – era a maior que já conhecera e sabia que qualquer erro na segurança poderia ser fatal.
Mas foi.
Com a coragem que era sua marca registrada, com a alegria de quem está fazendo o que mais gosta na vida.
E soltou-se. No Voo da Serra. Antes que sentisse qualquer temor, avistou a beleza exuberante e inigualável do verde intenso da Serra do Mar.
E, como por encanto, o mar surgiu à sua frente, com seu azul contra o azul diferente do céu, com seus recortes e sua espuma.
Sentiu que estava viva.
E entregou-se ao prazer de voar…
(Imagem: banco de imagens Google)