Dia de poesia – Florbela Espanca – Só

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Eu tenho pena da Lua!
Tanta pena, coitadinha, 
Quando tão branca, na rua
A vejo chorar sozinha!... 

As rosas nas alamedas,
E os lilases cor da neve
Confidenciam de leve 
E lembram arfar de sedas 

Só a triste, coitadinha...
Tão triste na minha rua
Lá anda a chorar sozinha 

Eu chego então à janela
E fico a olhar para a lua...
E fico a chorar com ela!...

Dia de poesia – Olavo Bilac – Nel mezzo del camin

ACEES – Associação do Consultores do Tesouro do Estado do Espírito Santo

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha…

E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje segues de novo… Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo
.

(Imagem – banco de imagens Google)

Paz

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Voo cego – solidão não é liberdade

Abismos esperam o passo em falso

Precipícios da alma, escuridão no dia claro

As flores se despetalaram ao vento

A vida se desfez em um breve instante

O que era já não está mais

O que existia não mais acontece

Tudo é nuvem que se desfaz e desaparece

Não é mais preciso remar – viver à deriva

Que a vida não vale a pena ser vivida

Rochedos esperam depois da curva

Fechando de vez o caminho incerto

Já não há para onde ir

A noite cai em uma vida inútil

E então, finalmente, sem sofrimento,

Sem lágrimas, sem dores – em paz,

Alma e corpo irão descansar –

Flutuar na eternidade

(Imagem: banco de imagens Google)

Poesia da casa – Mar e paixão

Roca en el mar

Era um mar

Um grande e sereno mar

Um leve balanço

E uma imensidão

E era um rochedo

Ancorado no meio do mar

À espera de marinheiros incautos

Um porto ou um perigo?

Um descanso ou ameaça?

Um lugar para chegar

Ou de onde se fugir?

E era um amor

Um grande e sereno amor

Uma promessa de calma

E uma esperança

E era uma paixão

Ancorada no meio da vida

À espera de amantes incautos

Um porto ou um perigo?

Um descanso ou ameaça?

Um lugar para chegar

Ou de onde se fugir?

(Imagem: banco de imagens Google)