Mês: novembro 2021
Dia de poesia – Florbela Espanca – Só

Eu tenho pena da Lua! Tanta pena, coitadinha, Quando tão branca, na rua A vejo chorar sozinha!... As rosas nas alamedas, E os lilases cor da neve Confidenciam de leve E lembram arfar de sedas Só a triste, coitadinha... Tão triste na minha rua Lá anda a chorar sozinha Eu chego então à janela E fico a olhar para a lua... E fico a chorar com ela!...
A história de nós dois
A mais recente coautoria em antologia… todos estão convidados para o lançamento online
Dia de poesia – Olavo Bilac – Nel mezzo del camin

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E alma de sonhos povoada eu tinha…
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje segues de novo… Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
(Imagem – banco de imagens Google)
Paz

Voo cego – solidão não é liberdade
Abismos esperam o passo em falso
Precipícios da alma, escuridão no dia claro
As flores se despetalaram ao vento
A vida se desfez em um breve instante
O que era já não está mais
O que existia não mais acontece
Tudo é nuvem que se desfaz e desaparece
Não é mais preciso remar – viver à deriva
Que a vida não vale a pena ser vivida
Rochedos esperam depois da curva
Fechando de vez o caminho incerto
Já não há para onde ir
A noite cai em uma vida inútil
E então, finalmente, sem sofrimento,
Sem lágrimas, sem dores – em paz,
Alma e corpo irão descansar –
Flutuar na eternidade
(Imagem: banco de imagens Google)
Poesia da casa – Mar e paixão
Era um mar
Um grande e sereno mar
Um leve balanço
E uma imensidão
E era um rochedo
Ancorado no meio do mar
À espera de marinheiros incautos
Um porto ou um perigo?
Um descanso ou ameaça?
Um lugar para chegar
Ou de onde se fugir?
E era um amor
Um grande e sereno amor
Uma promessa de calma
E uma esperança
E era uma paixão
Ancorada no meio da vida
À espera de amantes incautos
Um porto ou um perigo?
Um descanso ou ameaça?
Um lugar para chegar
Ou de onde se fugir?
(Imagem: banco de imagens Google)