Poesia da casa – Amor estranho

Ah, esse estranho amor que não se mostra

Não se assume, não demonstra

Na paixão explícita ele se esconde

Quer ser vivido sem compartilhar

Recebe com alegria, mas não se dá

Que não busca e não se aceita

Faz chorar, mas não suporta o pranto

Amor estranho como sol entre nuvens

Quando surge brilha forte e muito aquece

Depois se esquiva e simplesmente desaparece

Tão estranho esse amor, como a chuva na praia

Como estrelas na tarde ensolarada

Tal qual um pôr-do-sol que não precede a noite

Um triste rio de água parada

Um pássaro com asas temendo voar

Ou um barco sem leme que não pode atracar

Esse arco-íris interminável de contradições

Esse quero-não-quero do medo de querer

Do medo de se entregar, esse amor assim inseguro

Um amor estranho de tanto medo que tem de amar

(foto: Flaverson Sbardelatti, Rio Madeira)