
Uma saudade diferente de todas as outras saudades.
Onde a falta é mais doída, a ausência mais preocupante.
Olho em volta e vejo tudo acinzentado. Nada brilha e já não há mais cores vibrantes.
Quando se consegue ver um pouco de céu e de sol, é tudo alaranjado. Se for possível avistar um pouco da noite, a lua é avermelhada e sem brilho.
Por isso essa saudade nostálgica.
Essa tristeza que invade e domina.
Sinto, sim, saudade.
De antes desses tempos de queimadas e fumaça sem fim.
Sinto saudade, muita saudade, de olhar o horizonte e enxergar o horizonte, e não essa névoa infinda.
Sinto muita saudade de ver o azul do céu, se possível com altas e imóveis nuvens brancas, o que sempre me encantou.
Sinto saudade dos leitos dos rios preenchidos da água que corria silenciosa e limpa, levando paz às almas e progresso aos homens.
Sinto falta da minha vida antes da sucessão de desgraças que é o ano de 2024.
Às vezes, sinto até saudade de mim, quando ainda estava viva e sabia sorrir.
(Imagem: foto de Carlos Eduardo Ferreira)