
Hoje o cacto floresceu. Onde era só aridez, sem cores, onde eram só espinhos, sem acolhida, agora são flores, tornou-se pura beleza.
O cacto nasceu para enfeitar o mundo com flores? Ou veio para resistir à secura, não para florescer? Para mostrar que é possível viver na solidão, no deserto, no abandono?
Sua missão é manter o verde-esperança vivo onde quase não há mais vida? Ou desabrochar e colorir a natureza da mesma forma que todas as outras flores?
Estranha vida, estranho florescer…
Tão seco o ar, tão árido o terreno, e o cacto, firme, solitário, enfrentando a adversidade. Traz em si a umidade que necessita. Nada pede, nada suga. Apenas vive. Resiste em seu ritmo, não se sabe se vive, mas sabe-se que não está morto.
Até esta manhã.
Quando inesperada, brusca e lindamente floresceu.
E suas flores, de cores tão singulares, diferentes dos quase monocromáticos marrom-poeira e verde-apagado da realidade do cacto, parecia fazê-lo gritar ao mundo: estou aqui!
A vida venceu. Venceu a secura, o abandono, a tristeza.
Esta manhã o cacto floresceu.
(Imagem: banco de imagens Google)