Será que o mundo já esqueceu?

O menino deitado na areia Adormeceu Espera por seu pai De quem se perdeu. O menino deitado na areia Fugiu de sua pátria Fugiu da guerra e do horror Fugiu da fome e da violência. No vento frio da noite Segurava na mão de seu pai O menino deitado na areia Tinha pai, tinha mãe e irmão. No vento da noite o balanço do mar No frio da noite as ondas imensas No escuro da noite seu corpo no mar. Não viu onde foi seu irmão Não ouviu mais a voz de sua mãe Não achou mais a mão de seu pai. E as ondas do mar levaram o menino E o deixaram na beira da praia. Adormecido ali ficou o menino. O pequenino na areia da praia. Rostinho virado de lado não viu A cem metros estava seu irmão Deitado na areia da praia Dormindo na beira do mar. Não mais se deram as mãos Não mais se viram os rostos. O menino deitado na areia Deixou um planeta chocado Sacudiu o conforto de todos Arrancou lágrimas de dor Porque não brincava o menino Não aproveitava a alegria da praia O menino deitado na areia Fugindo do horror e da guerra Não dormia o menino na areia: Estava morto o menino Deitado na areia da praia Morrera nas ondas do mar. (para Alyam Kurdi, 2015)