
Se quiser saber quem eu sou, venha até mim, eu lhe mostrarei.
Venha, calce esses meus sapatos de trabalhar. Ande muito com eles. Passe pelos caminhos que eu passei, tropece onde tropecei, se desequilibre onde eu caí…
Por muitos anos ande com esses meus sapatos de trabalhar – por muitas décadas eu os usei diariamente. Enfrente os maus colegas, desvie das rasteiras, engula os desaforos, mas não tire esses meus sapatos de trabalhar.
E depois calce esses meus sapatos da vida particular. Enfrente todo o desamor e a tristeza. Caminhe sozinho e com medo por estradas assustadoras, segure você mesmo sua mão porque ninguém fez por mim nem fará por você. Quando a noite vier, não tire esses meus sapatos da vida particular, continue, em total solidão, caminhando com eles, mesmo na escuridão, sem nada enxergar à frente.
E então calce esses meus sapatos de atravessar o inferno. Sabendo que na entrada deverá tirá-los porque o inferno se atravessa descalça. Eu o fiz várias vezes. Por mais terrível que seja, eu asseguro – há uma saída. Então não pare de caminhar. Se e quando conseguir sair, poderá calçá-los novamente.
Depois disso, poderá dizer que me conhece.
E os meus sapatos de ser feliz? Você quer caminhar com eles também? Desculpe-me negá-los, mas não os tenho…
(Imagem: banco de imagens Google)
Profundo, tocou minha alma!
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