O menino deitado na areia
Adormeceu
Espera por seu pai
De quem se perdeu.
O menino deitado na areia
Fugiu de sua pátria
Fugiu da guerra e do horror
Fugiu da fome e da violência.
No vento frio da noite
Segurava na mão de seu pai
O menino deitado na areia
Tinha pai, tinha mãe e irmão.
No vento da noite o balanço do mar
No frio da noite as ondas imensas
No escuro da noite seu corpo no mar.
Não viu onde foi seu irmão
Não ouviu mais a voz de sua mãe
Não achou mais a mão de seu pai.
E as ondas do mar levaram o menino
E o deixaram na beira da praia.
Adormecido ali ficou o menino.
O pequenino na areia da praia.
Rostinho virado de lado não viu
A cem metros estava seu irmão
Deitado na areia da praia
Dormindo na beira do mar.
Não mais se deram as mãos
Não mais se viram os rostos.
O menino deitado na areia
Deixou um planeta chocado
Sacudiu o conforto de todos
Arrancou lágrimas de dor
Porque não brincava o menino
Não aproveitava a alegria da praia
O menino deitado na areia
Fugindo do horror e da guerra
Não dormia o menino na areia:
Estava morto o menino
Deitado na areia da praia
Morrera nas ondas do mar.