Da série “Foi poeta, sonhou e amou na vida” – 26 – Júlio Salusse

Júlio Mário Salusse, filho de Júlio Mário Salusse e de Hortência Maria de Queiróz, nasceu na fazenda do Gonguy, em Arraial do Senhor do Bom Jesus, atual município de Bom Jesus do Itabapoana,RJ, no dia 30 de março de 1872 e morreu no Rio de Janeiro, em 30 de janeiro de 1948.

Publicou seus primeiros versos na Gazeta de Notícias.

Estudou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo, porém não concluiu o curso. Ao herdar do avô uma grande fortuna, viajou para a Europa, onde levou uma vida entre festas e farras. Gastando grande parte de sua herança.

Voltando ao Brasil, concluiu o curso de direito, passando a advogar e atuar como promotor público em Paraíba do Sul e, mas tarde, em Nova Friburgo, cidades do Estado do Rio de Janeiro.

Publicou Nevrose azul, seu primeiro livro, em 1884. Em seguida publicou Sombras, em 1901, e a novela a Nedra e o rei, em 1927.

Graças ao soneto “O cysne”, ficou conhecido o Poeta dos Cisnes. (Fonte: BNDigital)

Eva

De Eva, a mulher primeira, eis a idéia que faço:
O Senhor a criou de alvura deslumbrante!
Os lábios lhe tingiu no sangue do Levante!
Visando a perfeição, poliu-a traço a traço!

Deu-lhe as formas ideais da Eleonora do Tasso
Deu-lhe a alma virginal da Beatriz do Dante...
No cabelo lhe pôs a Noite e no semblante
Dois dos mais belos Sóis que luziam no Espaço!

Ao vê-la, disse a Terra enlevada: Quem és?
E Eva assim respondeu: A tua Soberana...
E os tigres e os leões rojaram-se a seus pés!

Povoou-se de Riso e Lágrimas a Terra...
Surgira o Amor isto é, toda a Tragédia humana,
Os cânticos da Paz e as fanfarras da Guerra!




Os cisnes

A vida, manso lago azul, algumas
vezes, algumas vezes mar fremente,
tem sido para nós, constantemente,
um lago azul, sem ondas, sem espumas.

E nele, quando, desfazendo brumas
matinais, rompe um sol vermelho e quente,
nós dois vogamos indolentemente
como dois cisnes de alvacentos plumas.

Um dia, um cisne morrerá por certo.
Quando chegar esse momento incerto
no lago, onde talvez a água se tisne,

- que o cisne vivo, cheio de saudade,
nunca mais cante, nem sozinho nade,
nem nade nunca ao lado de outro cisne.

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