Ah, Emidio, há um ano você partiu. Tão discretamente quanto viveu. Sem alarde, sem despedidas, simplesmente você apagou a luz e fechou a porta de sua vida e se foi.
Você faz falta. Tudo o que não conversamos e os assuntos que não terminamos ficaram pendentes como um novelo que desfiou e ficou jogado no fundo da cesta de costuras. Mais de uma década de conversas quase diárias, e de repente não tenho mais você para me instigar, me desafiar…
Mesmo quando você me chamava de palhaça (a única pessoa no mundo que ousou fazer isso), eu me divertia. Você sabia ser engraçado na medida certa. Ser poeta na medida certa. Ser amigo na medida certa.
Nunca mais fui chamada de palhaça, nem de Maria, nem de menina… só você fazia isso.
Suas crônicas saborosas, sua poesia leve, sua inteligência cortante, quanta falta isso faz.
Não sei onde você está agora, mas queria ter certeza de que está feliz e em paz.
Porque você sabia transmitir a paz quando eu precisava conversas de paz. E merece toda a paz na eternidade.
Foi meio maldosa sua partida inesperada e sem despedidas. Bem típico de você. Que se divertia quando conseguia me deixar confusa com suas afirmações.
Queria ler mais Emidio, queria mais poesias suas, mais conversas…
Você nos deixou em um ano tão triste, tantas coisas ruins aconteceram, e não tenho mais você para tornar tudo mais leve.
Mas há um grande consolo em saber que você foi poupado pelo Pai. Não precisou enfrentar esses tempos estranhos, de isolamento e guerra política, para ler meus comentários e me dizer “deixa o bichim em paz”…
Fica em paz, meu amigo, você nunca será esquecido. E sempre me fará muita falta.