Bateu os ovos – os últimos. Misturou um pouco de farinha e um leite em pó bem diluído na água para render mais. Ainda tinha açúcar. A vendinha fechou, o mercado era longe, o abastecimento tão difícil nessa época. Foi mexendo até incorporar bem. E fritou às colheradas.
As crianças chegaram. Correndo. Alegres como só as crianças sabem ser mesmo em tempo de caos e miséria.
Rodearam a mesa.
– O que é? Um dos meninos perguntou
– Bolinho de chuva, respondeu.
E o outro atravessou:
– Mas não está chovendo, vovó! Tem até sol!
Todos olharam para ela esperando como se sairia dessa.
A menina, sábia, veio em seu socorro e decidiu:
– Não é bem bolinho de chuva. Mas bolinho de gotas. Hoje não tinha gotas de chuva, então foi de gotas de lágrimas!