Memória do blog – Há um ano…

                 Na estrada    
 
 Não sei se passo eu por essa estrada
 Ou se é essa estrada que por mim passa
 No asfalto – tão cinza e tão feio
 Correm brancos riscos a meu encontro
  
 Nos dois lados troncos fazem cercas
 Cruzam rápidos, levando esticados
 Tantas linhas feitas de arame farpado
 Só para mostrar existir um limite invisível
  
 Poste e torres correm com seus fios
 Levam luz, levam calor, levam progresso
 E ainda levam as boas e as más notícias
  
 Cruzando com esses riscos brancos
 Passo eu por estrada que não tem fim
 Ou é ela, a estrada, que passa por mim? 

(Imagem: banco de imagens Google)

Si vis pacem, para bellum

De regra, eu não gosto de postar sobre política. Mas hoje há um tema inevitável: a ofensiva militar da Russia contra a Ucrânia.

O que pode ser o estopim de novo conflito mundial.

E isso não é nada bom.

Preocupante.

Não interessam os motivos, é impossível acreditar que, em pleno século XXI, não haja uma saída diplomática, um caminho a ser tomado com responsabilidade depois de rodadas de conversação entre os dirigentes dos países envolvidos e autoridades internacionais na condição de conciliadores.

Realmente inacreditável que um impasse tenha de ser resolvido com mísseis, soldados e civis mortos.

Ainda que tudo termine breve, que o conflito não se globalize, os prejuízos causados já serão imensuráveis.

Na economia, ainda tão fragilizada pela pandemia, veremos naufragar as tentativas de recuperação de países e suas empresas. Perdas humanas – irrecuperáveis – já ocorreram.

E virão, ainda, novas neuroses, pânico e insegurança generalizada.

Porque sabemos quando e onde um problema começa, mas não temos controle nem podemos saber quando e onde acabará. E as nuvens no nosso horizonte, depois dessa triste madrugada, são ameaçadoras.

Proteger – ou ajudar – Donetsk e Lugansk significa sacrificar o povo da Ucrânia e a paz do mundo? Que justificativa é essa que não se enquadra em nenhuma equação lógica?

Que Donetsk e Lugansk se entendam com Kiev. Todos são irmãos, têm a mesma origem.

E por que outro país, uma potência militar, deveria atacar o país vizinho em nome da liberdade desses dois e condenar toda a população da Ucrânia e seus demais vizinhos?

Colocar em risco a paz mundial, tão arduamente conquistada, costurada a várias mãos por sucessivas gerações desde 1945? Não faz muito tempo que o mundo conseguiu esse arremedo de paz que tem dado relativa tranquilidade aos povos que querem apenas viver em seus países.

Nada, realmente nada justifica o que está acontecendo. Usar a máxima “si vis pace, para bellum” para mostrar poderio bélico, à custa de vidas humanas só mostra a sanha beligerante de um agressor que se coloca acima da paz mundial, tão duramente construída depois da Segunda Guerra, e mantida a duras penas.

Queremos paz. Paz e liberdade – o anseio de todos nós e não demos a ninguém o poder de abalar o mundo. Que tudo se resolva o mais breve possível, sem mais perdas humanas. Mas o mal que já foi causado não será recuperado.

(Imagem: banco de imagens Google)

Dia de Poesia – Álvares de Azevedo – Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!