
Fim de chuva.
Uma ameaça de sol.
Chega um primeiro pássaro solitário, buscando bichinhos no gramado ainda molhado.
Saltita alegremente em sua profícua colheita.
Mas sua solidão é passageira.
Logo outros pássaros pousam a sua volta. Grande algazarra se instala no quintal.
Deixo de lado meu livro e os observo. Como é difícil ver um pássaro solitário – voam aos pares ou aos bandos. E, quando um se separa do grupo, logo é resgatado.
Sua força está na união. Dezenas de olhos enxergam em todas as direções, os predadores são logo avistados e os gritos alertam todo o bando. Um pássaro solitário é uma presa fácil.
Vão esgaravatando cada centímetro quadrado de grama. E, lentamente se afastam de onde os observo.
Passado algum tempo, pequenos bandos alçam voos, aos gritos, até não mais restar sequer um.
Provavelmente também não restam mais insetos.
Um pesado silêncio volta a reinar no quintal.
Volto à minha habitual solidão, e mergulho novamente na leitura.
(Imagem: foto de Edson Brandão)