Morrer de amar (Memória – um ano)

Quando eu morrer dirão: “Coitada, morreu de amor”…

Há amor, muito amor não correspondido envolvido. Há paixão. Há saudade e muita, muita solidão.

Mas…

Ninguém morre de solidão. Solidão faz bem. O que mata não é a própria solidão, mas a ausência do outro…

E a saudade entristece, faz adoecer, doer, sangrar, mas a saudade não mata. O que mata é a falta brutal que o outro faz na nossa vida.

Nem a paixão mata. A paixão move o mundo, motiva a vida, faz querer viver para ter mais e mais do outro que já se foi. Mas não mata. Paixão é vida.

E o amor? O amor também não mata.

O amor é aquela mistura bem temperada de amizade, companheirismo, parceria e paixão. Tudo que desperta a intensa vontade de viver muito mais do que nos é permitido temporalmente.

Amor constrói. Amor edifica. Amor eleva.

Somente o amor  vence a própria morte e continua vivo.

Mas amor não vence o abandono, a canalhice, o tanto faz.

Amor não vence a humilhação, o desprezo, o descaso.

O amor definha e se desfaz diante do silêncio do ser amado.

Amar sozinho, amar por dois, isso mata.

E isso, sim, pode fazer querer morrer.

Não o amor.

Então, quando eu morrer, não deixem que digam “Coitada, morreu de amor…”

Porque eu não terei morrido de amor.

Corrijam, esclareçam, que eu amei muito, muito mais do que deveria e poderia, mas que eu não morri de amor.

A bem da verdade, afirmem “Coitada, ela não morreu de amor. Ela morreu de amar!”

(Imagem: banco de imagens Google)

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