No dia de Natal

Novamente é Natal.

A mesma tristeza, a mesma solidão.

A humanidade continua horrível – guerras, traições, abandono, desamor.

Mas é novamente Natal.

Por pior que seja a realidade, a humanidade continua fingindo felicidade.

Porque novamente é Natal.

Muito se gastou em comidas e presentes.

Pessoas que se detestam confraternizaram.

A hipocrisia imperou. Venceu de novo.

Pois novamente é Natal.

Só não se lembraram da missa nem das orações de Natal.

Apenas quase todos se esqueceram o sentido do Natal…

Aquele menininho que nasceu na manjedoura, fora de seu lar e de sua cidade, seus pais longe de suas famílias e de seu povo, aquele menininho que veio para mudar o mundo, para dividir o tempo em Ante e Depois de seu nascimento, ele continua pobrezinho, exilado e esquecido, mais de dois mil anos depois, sem lugar no coração dos homens.

Mas sorria. Suas dores não contam para ninguém.

Afinal, novamente é Natal.

Órfãos no Natal – e ele fazendo falta Naquela mesa…

Como os órfãos conseguem enfrentar o Natal? aquele lugar sempre vazio em todos os dias, fica ainda mais vazio na mesa de Natal, festa que ele tanto apreciava e fazia questão de reunir a família… aquele lugar sempre vazio na vida, aquele abraço que não vem mais, aqueles olhos que não se iluminam mais ao ver você chegar, aquelas mãos firmes que já não apoiam nem sustentam… que saudade, meu pai, como a vida ficou triste depois de sua partida…

“O que fiz por ele, fiz e não digo. O que fez por e de mim, foi um tudo. Me lembro: jamais me mentiu. Era capaz de esbofetear um mentiroso, apenas pela mentira. Fosse de que gravidade.

De tudo que me ensinou, certo ou errado, hoje, dentro dos meus já então parcos e paupérrimos preconceitos, retiro, inapelavelmente, uma solução, uma saída, uma parada para pensar, um pouco de coragem para enfrentar, muita coragem para não “aderir” – na última das hipóteses, um sofisma, uma frase feita – estamos conversados!


Aos 37 anos de idade, descrente e exausto, sem Deus nem diabo, é que posso afirmar: Jacob Pick Bittencourt foi mais do que um pai. Do que um amigo. Do que um Ídolo. Foi e é, para mim, um homem.

Com todas as virtudes, fraquezas, defeitos e rastros de luz que certos homens, que ainda escrevemos com “agá” maiúsculo, souberam ou sabem ser. E homem com H maiúsculo, para mim é Gênio.

Tenho certeza e assumo: não sou nada, porque, de fato, não preciso ser. Me basta ter a certeza inabalável de que nasci do Amor, da Loucura, da Irrealidade e da Lucidez de um Gênio.

(Texto de Sérgio Bittencourt sobre seu pai, Jacob do Bandolim, para quem compôs a canção “Naquela mesa”)

Poesia da casa – Tanta saudade

Lembranças doces que nos perseguem
Ausência de uma paixão que se desvaneceu no tempo
Presença constante da falta que alguém nos faz
Buscar no nada uma razão para a existência
Fazer, da névoa da memória, uma companhia
Olhar para as próprias mãos, agora vazias
Ainda com o perfume do amor compartilhado
De tudo que escorreu por entre nossos dedos
E não conseguimos reter em nossa vida,
Mas não tivemos jeito de tirar do coração.
Relembrar cada momento de doçura e encanto
Ouvir de novo a voz já tão distante
Perder os contornos precisos de um vulto
e ver as cores da própria vida se esmaecendo
Como um barco que, pouco a pouco, se afasta do cais

(Imagem: banco de imagens Google)

No centro da espiral

e vieram as máscaras. Inúteis, horrorosas 
e impostas mediante violência.
e veio a violência. E o pânico. 
então veio o isolamento. O fique-em-casa 
e o cala-a-boca.
e 24 horas por dia de notícias escatológicas 
incentivando a neurose coletiva.
Assim, submissos, submetidos e humilhados, 
mascarados e confinados, 
viveram por mais de um ano...
então veio a vacina. Que não imunizava 
mas era obrigatória
e os menos esclarecidos a disputaram a tapas
e gloriosamente postavam nas redes
fotos do momento da vacinação... 
e depois pegaram a doença
e a indústria da mentira foi 
fartamente alimentada
e as pedras voavam na direção 
dos que não tinham medo
porque o grande crime 
passou a ser não ter medo
eram os “negacionistas”
porque é preciso pôr um rótulo...
apenas negavam a eficácia da vacina
não a existência da doença
nem o perigo que representava...
agora, toda a farsa veio à tona
a vacina que ameniza 
mas não imuniza
a doença que poderia ser controlada
a estabilização – ou amenização
natural do vírus nas novas cepas
e a ameaça de tudo recomeçar
pânico, fica-em-casa, cala-a-boca
máscara e vacinação compulsória
porque agora eles negam as evidências
os artigos científicos
e as verdades expostas
quem são os novos negacionistas
porque tudo se repete, 
como uma espiral 
a população achando lindo
pensar que teremos nova pandemia
vibrando com a possibilidade
de não precisar trabalhar...
quando vier a fome
derramarão lágrimas de sangue
por um dia de serviço bem pago
mas então será tarde
muito tarde
para sentir

(Imagem: banco de imagens Google)