Texto de Ângela Caboz – Teu silêncio

Sabes a que cheira um silêncio, ou então, qual é a forma da saudade.

Claro que não sabes!

Os sentimentos são como as estrelas brilham no escuro, misturando-se com a luz.

Estão para lá da linha dos olhos e brilham dentro de nós.

O nosso silêncio, esse eu sinto-o na minha pele, ainda antes mesmo das tuas mãos me tocarem.

O nosso silêncio arrepia-me com a brisa do teu desejo. Eu sinto-te até quando não estás.

Tu és o ruído do meu sentir, as mãos que massajam os meus sonhos.

Sinto-te a deslizar para dentro de cada um deles, para que o nosso silêncio nunca acabe.

A saudade, por vezes, bate na minha porta e essa chega sempre com as formas do nosso amor.

Tem a forma exacta dos meus sonhos, aqueles onde o nosso amor se encaixa em tudo o que somos.

Ela chega e vai espalhando o teu cheiro pelos quatro cantos da casa.

Vai soprando o som das tuas palavras pelo ar que eu respiro.

A saudade grita por ti e eu respondo-lhe que já senti o cheiro da tua voz , num amo-te que roçou agora mesmo os meus ouvidos.

Digo-lhe que senti esse sopro que me empurrou para cima da cama, onde tu ontem me amaste em silêncio.

Onde o teu beijo deixou as marcas da paixão que sentimos para que a razão não multiplicasse as dúvidas julgando que uma simples distância poderá ser superior à proximidade de tudo o que sentimos.

É tão tonta a saudade, que julga que a razão pode suicidar o que nós fazemos de eterno.

O teu silêncio tem o meu cheiro e tua saudade tem a forma do meu amor. Nasci assim, já vivendo dentro deste amor.