
Linda, soberana, instigante, surge a lua em seu esplendor.
Há quantos milênios ela se apresenta no firmamento, e sempre tão bela, tão jovem, com tanto esplendor. Qual será seu segredo para nunca envelhecer, jamais aparentar cansaço, nunca perder o brilho?
Olho maravilhada para a Lua. Há quantas décadas ela me fascina, me atrai, praticamente me obriga a procurá-la no céu a cada anoitecer, a cada madrugada?
Nós, míseros seres humanos, imperfeitos, feiosos, desbrilhados… Tentamos ajudar a natureza com tratamentos, roupas, disfarces, mas não conseguimos enganar nem a nós mesmos.
Quando em nosso outono o vento da vida vem e nos espalha como folhas secas que se desprendem dos galhos, temos a certeza da decadência física. Não importa o que fomos na juventude, envelhecemos monstros.
No entanto, ao final cada entardecer, a Lua volta a seu ponto máximo. E brilha.
A cada noite mais brilha, orgulhosa de sua beleza eterna, rejuvenescida a cada anoitecer.
E, quando amanhece, um pouco pálida, ela se retira, desaparece, para surgir ainda mais exuberante no começo da nova noite.
A Lua está sempre sozinha. Linda, fascinante, a todos atrai, mas a ninguém pertence.
Solitária, quiçá celibatária, marcando presença e deixando saudade, parece que a Lua é feliz.
Queria ser lua.
(Imagem: foto de Maria Alice)