Não prenda, não aperte e não sufoque. Porque quando vira nó, já deixou de ser laço. (Mário Quintana)
Quantos laços buscamos, desejamos, sonhamos, cavamos nesta caminhada finita… porque somos apenas uma ponta, precisamos encontrar nosso outro lado e dar a laçada do carinho, do amor, da coexistência. Na família, nos amigos, nos amores… e queremos conseguir completar o laço da paixão.
Porém não é fácil, no meio de tantos caminhos paralelos, perpendiculares, cruzados, interrompidos, achar onde está nossa outra ponta. Quantas vezes nos enganamos e tentamos dar um laço com a ponta errada e fazemos confusão, porque a ponta não é nossa, há uma outra ponta nesse embaraço.
Até que um dia cismamos que encontramos nossa ponta. E vamos, aos poucos, chegando nela, tentando laçar, e ela foge, escorrega, desaparece, se mistura com outras pontas, deixamos de ter a certeza de que é a nossa.
Se puxarmos, ela grita que está sufocada.
E não é isso que queremos. Porque também não gostamos quando somos sufocados.
Deixamos correr mais frouxo, damos todos os espaços, sem perdê-la de vista. Vemos quando se enlaça em outras pontas, que não a nossa.
Muitas vezes nos encolhemos, enrolando-nos em nós mesmos, como um bicho ferido que se enrola em si próprio, tentando desistir, mas descobrimos que só conseguiremos ser laço se tocarmos a outra ponta.
Então insistimos. Um dia, por cansaço, desilusão, desesperança, algum motivo não revelado, ela se entrega. E nos enlaçamos. Suavemente, lindamente, como deve ser um laço.
Com todo o cuidado para não virarmos um nó.