Por serem tão desatinados, talvez Deus perdoe os poetas. (Walter Duarte)

Com essa e outras frases, as quais serão comentadas em outras ocasiões, meu amigo poeta Walter Duarte encanta meu pensamento com sua preciosidade “Cotidiano” (Editora Oficina do Livro). Desafia o meu pensar.
Desatinados – o que é desatinado? Aquele que comete desatinos? Aquele que não tem tino? O que é tino e qual motivo os não poetas o têm?
Para o dicionário, tino é discernimento. Juízo. Portanto, desatinado é aquele que perdeu o tino – sem juízo, sem discernimento.
Tudo que Deus faz é perfeito – conforme se diz comumente. Então, meu caro amigo Walter, não se trata de Deus perdoar os poetas por serem desatinados. Na verdade, Deus os fez desatinados para que pudessem ser poetas.
Imagine o verso quadradinho, a poesia engessadinha, de um poeta com tino. Não, Deus sabe o que faz e faz com perfeição – já nos fez, a nós, poetas, desatinados, para que déssemos vazão à poesia.
A poesia nasce da paixão. Da intensidade dos sentimentos. Apaixonar-se é o salto no escuro – tem de ter muita coragem e pouco juízo. Quem tem tino não se apaixona.
Deus não nos perdoa, a nós, poetas. Ele nos aceita e nos ama. Entende nossa loucura. Ele nos fez assim.
Somos poetas porque somos desatinados, apaixonados, insensatos, sofredores e intensos…