
Pipas no ar, em um céu sem nuvens
Tom de azul, do mais profundo azul
Pleno inverno, as árvores se despem
E as folhas brincam e correm nas ruas
Ruidosamente em secas risadas.
O mundo descansa quase em plena paz
Acreditando no poder do vento
Em levar consigo toda tristeza
Em varrer o pó de todos amores
Em limpar da vida o que não fica
Em trazer de volta a chuva que falta.
Dando adeus ao passado, as árvores
Balançam os galhos agora sem ninhos
Os pássaros, em bandos já se foram
Aves de arribação, fugiram do frio;
Velhos amores também se foram
Deixando abertos os corações em sangue
Pulsando na espera de novas paixões.
Venta, agosto, venta, que é sua missão
Ventar limpando a terra e a vida,
Deixando limpos os caminhos e atalhos
Para tantas novas caminhadas,
Novos amores, novos sorrisos,
De mãos dadas pela vida afora
Seguindo o vento que a todos levará
Ao final que em algum ponto espera.
Redemoinhos de vento na terra
Luzes no céu, estrelas no nada
São os ventos do mês de agosto
Prenúncio de nova primavera