
Se não era para ficares, por que chegaste tão cedo?
Se era para partires, por que vieste um dia?
Igual uma chuva, tão desejada, mas que não dura,
Porque vem o sol que apaga todos os sinais.
Ou um deslumbrante luar em noite clara,
E, depois que vem o amanhecer, o dia faz desaparecer.
Se era para acabar e causar tanta dor, por que começou?
Se era para caíres em seguida, por que alçaste esse voo?
Da mesma forma que as marcas deixadas na areia
São em seguida desfeitas pelas ondas do mar;
E os frutos, tão caprichosamente concebidos na natureza
São derrubados e destruídos pelo vento insensível.
Se não pretendias amar, por que o juraste em falso?
Se não era para ser amor, por que surgiu esta paixão?
Como nuvens formando as mais lindas figuras
Que não permanecem, somem à primeira brisa.
Tudo que temos são as brancas espumas do mar
Que se desfazem quando se deitam em sua amada areia.
Se não era para beijares, por que me abraçaste?
Se não pretendias me levar, por que me chamaste?