Republico, aqui, esse texto, de 10.10.2020 – “A dor da saudade” … para ser lido enquanto se ouve essa canção – “Saudade”, de Mario Palmerio
Carrego em mim todas as dores do mundo. As dores do corpo e as dores da alma.
Dores crônicas, agudas, lancinantes…
As dores físicas que já suportei levariam outras pessoas ao desatino. Mas eu sempre aguento. Uma hora a dor vai passar, eu sei.
Difícil aguentar as dores da alma. Doem mais do que prender o dedo na porta, do que cólica de rins, ou quebrar a perna…
Dentre elas as piores são as dores da indiferença e da saudade.
O contrário do amor não é o ódio. Ambos são sentimentos fortes e motivantes. O verdadeiro contrário do amor é a indiferença. Que machuca, marca fundo na alma. Dói intensamente. E não passa.
E a dor da saudade?
Abrir os braços para o vazio e abraçar a ausência de quem se foi?
Voar sozinho em seus sonhos porque o outro desistiu de voar com você?
Acordar de madrugada e não ter mais aquele alguém a seu lado, mas somente o frio e o nada?
Isso é saudade. Isso dói lancinante. De dar vontade de desistir de tudo e morrer. Essa dor eu não aguento. Ela não passa, jamais.
Saudade é tudo o que não há. É o nada. É o vazio. O buraco escuro onde nos debatemos sem a menor possibilidade de sair.
Saudade é a dor conjunta de todas as partes do corpo. Porque dói a alma, dói nossa essência, dói nossa vontade de continuar vivendo.
É sentir o toque de quem já se foi, ouvir a voz que não fala mais, sonhar o impossível que não acontecerá.
É mais que solidão. Porque solidão não é falta. E saudade é feita apenas de ausência.