
(de 27.04.2019)
Vida, vida… ah, vida, o que ou quem é você?
Recebemos sem pedir, e será tirada sem nossa licença.
Não nos pertence. Mas não vivemos sem.
Não é nossa, mas não podemos trocar com a de outra pessoa.
O que é essa abstração que chamamos de vida?
Sempre ouço: “Você tem sua vida”… será que tenho minha vida?
Será que tenho uma vida?
Ou apenas vivo?
Há alguém vivo que não tenha vida?
Por que algumas pessoas deixam a própria vida descerem ralo abaixo?
E ainda ficam tentando se intrometer na vida dos outros?
Também ouço: “Ah, você, sim, sabe viver, aproveitar a vida…”.
Alguém vive sem saber viver?
Quando nos dão a vida ela vem com um manual para que saibamos viver?
E “aproveitar”? o que seria aproveitar a vida?
Tirar proveito daquilo que ocupamos temporariamente sem nos pertencer?
O que faz parecer que um vive melhor, “aproveita” melhor, “sabe viver melhor”?
Todos nascem igualmente – nus, assustados, vulneráveis…
Vão morrendo ao longo da vida – alguns de uma vez e outros lentamente.
A cada segundo que pensam vivido, na verdade apenas se aproximaram mais um segundo da morte.
Também a expressão “minha vida!”… ninguém é dono da vida. Apenas vive.
Viver, para mim, é apenas e simplesmente, ficar segurando a vida enquanto se espera a morte.
(Imagem: foto de Maria Alice)