É dezembro…
É Natal…
Depois o Réveillon…
Tudo tão previsível, tão sempre igual…
Há dez anos eu publicava minhas impressões sobre isso no Alinhavando. Repito, novamente, porque nada mudou dentro de mim, apenas acrescento o tempo e estou dez anos mais velha…
06/12/08
Natal
BATE O SINO PEQUENINO / SINO DE BELÉM /
JÁ NASCEU O DEUS MENINO / PARA O NOSSO BEM
Vejo a cidade se vestindo para o Natal. Acho lindo.
Adoro ver as luzes, os enfeites, o verde-e-vermelho que domina tudo, embora para nós não tenha tanta simbologia quanto para o povo de onde se originou.
Mas, por outro lado, não gosto dessa época.
Queria ir dormir dia 14 ou 15 de dezembro e só acordar lá pelo dia 06 de janeiro. Ou ser anestesiada ou ser abduzida nesse período.
Só não queria enfrentar essa época todo ano, obrigatoriamente.
Não sei o porquê, mas não gosto de Natal nem de Ano Novo.
Vejo todo mundo sorridente, enfeitado, comendo, bebendo, brindando e me pergunto: tirando, é claro, as crianças, tem alguém feliz aqui? Por que todo mundo ficaria feliz, só porque é Natal? E o que o Natal tem a ver com alegria ou tristeza? É uma alegria compulsória, forçada, fingida.
Eu sinto uma angústia indescritível, crescente, não vejo a hora de ir para o meu quarto, fechar a porta, apagar a luz e ficar só, e em silêncio, e sozinha comigo mesma, sem-ter-que-ser-feliz-porque-é-Natal.
Há muito, muito tempo, um menino nasceu nesse dia (será que foi em 25 de dezembro mesmo? ou inventaram essa data? se inventaram, porque a puseram tão perto do reveillon? que falta de imaginação!) e com trinta e três anos foi condenado à morte e morreu na cruz, a morte mais indigna para a época. E isso mudou a história do mundo e dos homens, dividiu o tempo eterno em antes de depois de seu nascimento, e os homens nunca mais foram os mesmos.
Nisso eu acredito. Ele andou entre nós, pisou o chão de Jerusalém (que emoção quando caminhei naquelas pedras que meu Deus pisou!) e outros solos da região, falou do amor, da paz, da misericórdia e caridade.
E idéias tão simples, tão básicas, em seus lábios, por sua voz, se tornaram leis. E tudo o que Ele queria era que os homens se entendessem, que romanos – os poderosos da época – não humilhassem o restante do mundo e dos homens, que os pequeninos fossem respeitados, que as mulheres fossem amadas.
Não dividiu os homens em raças nem credos. Tentou mostrar que todos são igualmente humanos, apesar de suas diferenças.
Não tentou igualar os homens, mas quis que as diferenças naturais entre todos fossem respeitadas e não os dividissem.
Que a alegria era possível e permanente, dependendo das escolhas de cada um.
Até hoje poucas pessoas entenderam o que Cristo disse. E menos ainda seguem suas palavras.
Mas só porque é Natal, todos saem com cara-de-feliz, abraçando, comendo, bebendo e brindando. Numa alegria tão falsa, mas tão falsa, que dura somente uma noite por ano, se durar tanto.
Em lugar de cara-de-natal, gostaria que cada um, neste Natal, fizesse uma prece sincera, agradecendo os dons recebidos, os bens de que dispõe, e se propondo, com sinceridade, tentar ser um pouco melhor, para chegar mais perto do Deus nascido homem.
Mirar em Cristo um exemplo a ser seguido, em suas palavras o guia para uma vida mais simples, mais sincera e mais dedicada aos irmãos.
Aproveitar o Natal para orações, para gestos de gentileza e caridade – principalmente com os idosos – a começar os idosos da própria família – tantas vezes emocional e afetivamente abandonados, por falta de tempo e de vontade de manter um vínculo de amor com eles.
E se quiser dar presentes, dê para seu Deus – custa tão barato o que O agrada: amor ao próximo, misericórdia e caridade, um coração humilde e uma vida dedicada ao bem. Nada mais.
Mas, a você que perde tempo em ler este blog, de coração eu desejo um Feliz e Santo Natal, e que possa – não só neste ano, mas em todos os anos – em seu coração nascer e renascer o Deus Menino, com sua mensagem de paz, fraternidade e, principalmente de humanidade.