A mulher livre

Je me sens libre comme une bulle de champagne / Libre d’escalader les montagnes. / Moi j’ai mon visa pour le folies / J’ai mon passeport couleur de la vie. (Visa pur les beaux jours, Eddy Marnay).

Mulher Livre Feliz Que Aprecia No Por Do Sol Do Mar Mostrado Em Silhueta  Contra Foto de Stock - Imagem de silhueta, mulher: 40752536

Ser livre. Apenas e singelamente livre. Parece fácil.     

Mas não é nada fácil.       

Principalmente para as mulheres, as quais, assim como eu, são nascidas no milênio passado, na década pós Segunda Guerra.     

A partir do final dos anos 60 demos nosso grito de liberdade. Mas isso não nos fez livres.     

Muitas mulheres têm a alma livre, mas o corpo prisioneiro de um sistema que esmaga a essência feminina e a amolda a uma ideia preconcebida de ideais, que não passam de uma intensa forma de dominação/submissão.

Uma mulher livre é assustadoramente forte. Para ser livre, é preciso muita coragem, porque é bem mais fácil, mais cômodo e mais seguro, acovardar-se atrás de um casamento, de um homem, de uma situação já estabelecida, em um caminho já trilhado e que já se sabe onde vai chegar.     

Ser livre é ser a única responsável por todos seus atos e suas consequências. Trabalhar e ganhar o suficiente para pagar suas contas e bancar seus luxos. Ter coragem para sair da gaiola e voar, sabendo que nunca voltará. Pisar solos desconhecidos para trilhar seu próprio caminho, mesmo que não saiba onde conseguirá chegar.     

Ser livre é ter a coragem de enfrentar o preconceito e a maledicência invejosa daquelas que optaram pela gaiola.

E também a condenação pelos homens que têm medo de uma mulher livre e do estrago que ela fará no mundo deles se ela propagar suas ideias de liberdade e mostrar que é feliz, sim, assumida, e, principalmente, LIVRE.

Uma mulher livre jamais será domesticada. Poderá até mesmo se casar. Mas manterá intacta sua liberdade – econômica, afetiva e emocional. Porque ela só precisa dela mesma para viver e ser feliz. Se alguém quiser DIVIDIR essa liberdade e essa felicidade, tudo bem. Mas terá de respeitar sua liberdade.     

Uma mulher livre, além de corajosa, é solitária. Porque, em geral, espanta os algemados da vida. Assusta com sua liberdade.     

Essa mulher livre assume seus atos e não precisa de muleta nem de desculpas. Simplesmente vive e aceita a vida como ela é. Enxerga outras cores, escuta outros sons, vive em outro mundo – sem correntes nem prisões.

A liberdade não está exatamente nos atos que ela pratica. A liberdade está na sua alma, no seu pensar. A liberdade é sua essência. Exerce essa liberdade dizendo “Não”. Porque liberdade é a possibilidade de dizer “Não” às situações que não admite. Seja usar burca, seja não poder exercer uma profissão, seja não poder externar uma opinião, seja decidir ter ou não ter filhos. 

Essa mulher vê o mundo com seus próprios olhos, e, se, por acaso, marcha em outro passo, é porque ela ouve a batida de outro tambor que não aquele do pelotão. A mulher livre não é a ovelha negra da família. Geralmente ela é o próprio lobo. Que respeita sua família, mas não pode ser enquadrada em uma forma que não é seu número.

Sua solidão não é negativa nem traz sofrimento. É seu modo de ser.     

Não são muitas as mulheres realmente livres, porque até nos dias de hoje, as mulheres são direcionadas a se tornarem apêndices. Dos pais. Dos irmãos. Dos maridos. Dos patrões.

As mulheres livres não são escravizadas por vozes que ditam modas ou modismos. Vaidosas, sim, mas no limite da vida saudável. Não se conduz em razão das determinações estéticas ditadas por quem não é livre, nem bonito, nem exemplo. Não são passíveis se serem contidas por opção do mercado visando o consumismo, nem por outras mulheres, nem por imposições sociais absurdas.

Aquelas que, sem medo, ousam exercer sua liberdade, são tachadas de loucas.

É mais fácil rotular do que apoiar ou tentar entender.      

Loucas, malucas, doidas. Porém livres.

Texto de Clarice Lispector

INSÔNIA INFELIZ E FELIZ

De repente os olhos bem abertos. E a escuridão toda escura. Deve ser noite alta. Acendo a luz da cabeceira e para o meu desespero são duas horas da noite. E a cabeça clara e lúcida. Ainda arranjarei alguém igual a quem eu possa telefonar às duas da noite e que não me maldiga. Quem? Quem sofre de insônia? E as horas não passam. Saio da cama, tomo café. E ainda por cima com um desses horríveis substitutos do açúcar porque Dr. José Carlos Cabral de Almeida, dietista, acha que preciso perder os quatro quilos que aumentei com a superalimentação depois do incêndio. E o que se passa na luz acesa da sala? Pensa-se uma escuridão clara. Não, não se pensa. Sente-se. Sente-se uma coisa que só tem um nome: solidão. Ler? Jamais. Escrever? Jamais. Passa-se um tempo, olha-se o relógio, quem sabe são cinco horas. Nem quatro chegaram. Quem estará acordado agora? E nem posso pedir que me telefonem no meio da noite pois posso estar dormindo e não perdoar. Tomar uma pílula para dormir? Mas e o vício que nos espreita? Ninguém me perdoaria o vício. Então fico sentada na sala, sentindo. Sentindo o quê? O nada. E o telefone à mão.

Mas quantas vezes a insônia é um dom. De repente acordar no meio da noite e ter essa coisa rara: solidão. Quase nenhum ruído. Só o das ondas do mar batendo na praia. E tomo café com gosto, toda sozinha no mundo. Ninguém me interrompe o nada. É um nada a um tempo vazio e rico. E o telefone mudo, sem aquele toque súbito que sobressalta. Depois vai amanhecendo. As nuvens se clareando sob um sol às vezes pálido como uma lua, às vezes de fogo puro. Vou ao terraço e sou talvez a primeira do dia a ver a espuma branca do mar. O mar é meu, o sol é meu, a terra é minha. E sinto-me feliz por nada, por tudo. Até que, como o sol subindo, a casa vai acordando e há o reencontro com meus filhos sonolentos.

Porque é sábado

Young blonde woman resting on hammock — Stock Photo © piotr_marcinski  #102833264

Sábado não é dia de chorar. Nem de sofrer.

Dia de viver, não dia de morrer.

Encontrar amigos e amores. Não desfazer amizades nem romances.

Porque é sábado o sorriso já amanhece no rosto.

Sempre brilha um sol no sábado, mesmo que esteja chovendo. Ou nevando.

Mas há sol simplesmente porque é sábado.

Os almoços são demorados, alegres, só porque é sábado. As risadas são mais frequentes, os olhos são mais brilhantes e a música não para.

Só porque é sábado todos planejam encontros e passeios. Praias e piscinas. Sítios e churrascos. Dia de pescaria e de contar mentiras. Cafeterias e sorveterias.

A alegria paira no ar, entre nuvens e pássaros.

Sábado não é véspera. Sábado É o dia. O próprio dia. Que foi inventado para a humanidade ser feliz.

A tarde de um sábado são as melhores horas de qualquer semana. Quem não aproveita um sábado? A melhor coisa a se fazer em uma tarde de sábado é exatamente não se fazer nada. Absolutamente nada. Deitar-se na rede. Com toda a preguiça que se possa sentir. E ali ficar. Apenas porque é sábado.

Ah, nada melhor do que existir, pelo menos, um sábado em cada semana de nossa vida. Não importa em que dia vai ser comemorado, mas será um dia de sábado.

Dia de poesia – Carlos Drummond de Andrade – Inconfesso desejo

Cidade de Bandeirantes, Jardim Ana Rosa,18 horas do dia 26 de dezembro de  2017, trabalhador proibido através de Ordem Judicial de se aproximar da ex  Mulher, desobedeceu determinação da Justiça, entrou na


Queria ter coragem
Para falar deste segredo
Queria poder declarar ao mundo
Este amor
Não me falta vontade
Não me falta desejo
Você é minha vontade
Meu maior desejo
Queria poder gritar
Esta loucura saudável
Que é estar em teus braços
Perdido pelos teus beijos
Sentindo-me louco de desejo
Queria recitar versos
Cantar aos quatros ventos
As palavras que brotam
Você é a inspiração
Minha motivação
Queria falar dos sonhos
Dizer os meus secretos desejos
Que é largar tudo
Para viver com você
Este inconfesso desejo

Poesia da casa – A volta

Je voudrais que tu sois là,

que tu frappes à la porte

et tu me dirais c’est moi.

Devine ce que j’apporte

Et tu m’apporterais toi.

(Boris Vian)

batendo-a-porta – Rádio Botafogo

Quero tanto sua volta, e sonho.

Sonho que pode ser verdade.

Quando você batesse em minha porta,

e simplesmente me trouxesse você,

com que amor essa porta seria aberta,

com que paixão eu diria para você entrar…  

Sonho com a felicidade

que seria ver você voltando,

a alegria de saber de sua volta

ver você se trazendo de volta para mim.

Um sonho que eu sonho acordada

e preenche minha alma de ilusão.  

Mais que um sonho um querer

um desejo constante e obsessivo.

Porque eu nunca desistirei de você

e esse meu querer o trará de volta.

E nesse dia, você baterá em minha porta

para, simplesmente, voltar para mim.

Dia de Poesia – Roberto Ferrari – Sussurros

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Nosso amor nasceu na poesia, foi esculpido pelo destino
Moldado pela intensidade da nossa paixão
Em um turbilhão de emoções

Canto nossos momentos em rimas apaixonadas…

Entre sussurros e segredos,
Escondo-me, perco-me,
Encontro-me no seu coração…
E recrio, nos versos, a intensidade da nossa paixão…

Quero cantar nosso amor pela eternidade

E no âmago deste momento poder me encontrar dentro da sua alma!
E poder te dizer que você é minha maior poesia.

Amada, aprendi a conhecer teu amor,
Senti a alegria de viver apaixonado,
Com você aprendi a conhecer a intensidade da paixão,
Aprendi a entender o silêncio do teu olhar,
A felicidade de te amar,
Amada, juntos conhecemos os segredos desse luar,
a beleza das estrelas, a imensidão do oceano…
Senti no teu beijo a doçura e a força do amor

E, se porventura deixar este mundo
Saberei que eu só nasci no dia em que te conheci

Amo-te!!!!!