Sentir nas mãos o perfume de outras mãos Manter na pele o toque de outra pele Trazer no corpo o relevo de outro corpo Ouvir com a mente a voz que já se calou Se a vida não conseguiu unir O que a distância pôde separar O vazio se tornou a companhia De quem não pensou viver sozinho Andar de mãos dadas com mãos ausentes Dormir nos braços que já se foram Ter vivos os carinhos encerrados Esse é o retrato da saudade A saudade que restou de uma ausência Que já impede de contar estrelas Apagou dos olhos o brilho do olhar E tirou da alma a vontade de viver Ausência – a falta absoluta De quem não poderia ter partido Quem se foi, mas deixou na outra alma Toda a ternura que havia em tanto sonho