
Quantas vezes tememos usar a pontuação adequada à nossa vida, e prorrogamos situações que se arrastam inutilmente.
A vida não volta.
Tudo o que aconteceu no passado, é lá que deve ser deixado: no passado.
O que foi nunca mais será.
O ontem é fato consumado.
Trazemos as mãos repletas de vírgulas e pontos de interrogação, mais alguns de exclamação e ainda alguns “dois pontos, travessão”…
Mas escondemos os pontos finais nos fundos dos bolsos para não os usarmos.
E assim vamos ora empurrando a vida, ora por ela sendo empurrados.
Precisamos de todos os sinais gráficos de pontuação para que a narrativa da vida tenha sentido.
A falta da pontuação é tão danosa quanto sua abundância desnecessária.
Por isso é de ser usada com cautela.
Timidamente colocamos um ou outro ponto final – geralmente lá em cima, em algo que há muito já ficou para trás. Sentimo-nos constrangidos em fazê-los nas situações presentes, por receio de causar mágoas e rupturas irrecuperáveis.
E não vemos quantos desses pontos são postos em nós, interrompendo sonhos, paixões, trajetórias de nossa vida.
Quantas vezes tentamos virar as páginas no existir, sem colocar um ponto final, porque temos a tênue esperança de que não houve um fim, mas mera pausa…
Difícil é chegar à conclusão e tomar a decisão, não apenas de colocar o ponto final e virar a página, mas de, definitivamente, fechar o livro que a releitura machuca mais que o esquecimento.