Pelo “Dia da Poesia”, a Carlos Drummond de Andrade

No dia 31 de outubro de 1902 nascia, em Itabira, Carlos Drummond de Andrade. Um dos maiores poetas do Brasil. Em razão de seu aniversário natalício, nessa data, é comemorado o “Dia da Poesia”.

E agora, Carlos? agora, em sua homenagem, trago um poema que simboliza a modernidade de sua temática, a dinâmica de sua poesia:

6 poemas de Carlos Drummond de Andrade sobre a amizade - Cultura Genial

JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Poesia da casa – Meu cansaço

Arquivos MELHORANDO O RELACIONAMENTO - MULHER DE VALOR / RELACIONAMENTO E  CONQUISTA

Eu já não trago nem mais carrego

esse cansaço que vive em mim:

ele se tornou minha pele, eu o visto

ele faz parte de mim

porque sei que nunca mais

viverei sem ele a me atormentar.

Esse cansaço hoje é parte de mim

um cansaço difuso, histórico, presente

cansaço da vida, da falta de amor

cansaço de tanto plantar e nada colher.

Foi tanto cansaço, mas tanto e tanto

que me cansei até dele mesmo.

Deixa-me, cansaço meu, por um momento.

Fica longe de mim por uns instantes!

Quero ao menos um tempo sem você

para poder, então, morrer em paz!

2020 – O ano que não vivi

Hoje, 29 de outubro, é comemorado o Dia Nacional do Livro. E isso acontece por ser a data da fundação da primeira biblioteca no Brasil, a Biblioteca Real, no Rio de Janeiro, quando da vinda da família real portuguesa para se estabelecer no Brasil – único caso conhecido em que um reino se deslocou e se instalou em uma colônia da coroa. A Real Biblioteca Portuguesa veio junto com a família real, tornando-se, aqui, a Biblioteca Nacional.

Para se formar uma biblioteca, imprescindível a existência de livros. À menção da palavra livro já se visualiza o papel cortado, alinhado, preso em capa firme. Essa é a imagem clássica de um livro. Entretanto, o primeiro livro conhecido não era impresso, mas escrito em cerâmica – um poema homenageando um rei da longínqua Mesopotâmia. O primeiro livro impresso no mundo foi a Bíblia, quando Guttenberg a imprimiu em 1445.

E nesse mesmo hoje, 29 de outubro de 2020, em comemoração ao Dia Nacional do Livro, lanço meu quarto livro. Uma mistura de crônicas, contos e depoimentos reais, os sentimentos, as emoções e a realidade desse ano louco, que marcará para sempre a História.

Relatos de como enfrentamos o isolamento social, o medo do futuro, a insegurança coletiva.

Apresento, com orgulho e emoção, trazendo o prefácio da escritora Vera Melo e capa do artista Beto Jr., “2020 – O ano que não vivi”.

Texto de Cândido Arouca

Links da WEB: Beijos de Amor Mensagens #4

O AMOR DESCONCERTA

O eterno e desconcertante amor! Ele surge do nada e, muitas vezes, nos momentos mais inesperados! Quando surge arrebata-nos, descontrola-nos, desconstrói-nos, desalinha todas as mossas emoções!

Chega e entra na nossa vida como um intruso, comanda-nos e faz de nós o que quer, literalmente o que quer!

E, porque o amor o exige, somos assaltados por um poder que desconhecemos que começa a conduzir os nossos passos, as nossas acções, as nossas emoções, a nossa vida!

Somos invadidos por um turbilhão de sentimentos que desejávamos nunca ter experimentado; a dor, o ciúme, o medo da perda, a insegurança, o sentimento de posse, a necessidade de saber do outro, a vontade de estar sempre perto.

E, mesmo sabendo que essa perda de controlo pode ser prejudicial, não temos o discernimento, a capacidade de nos conter porque o que nos comanda – o amor – não tem uma explicação lógica, não existe de forma igual para todos, não tem um padrão, não nos assalta a todos da mesma forma.

Apesar de todas as contradições, as diferentes formas de entender o amor, ele é sempre um sentimento único e deve ser vivido com toda a intensidade.

Mesmo que não sejamos capazes de exercer algum controlo na forma de viver o amor, devemos deixar-nos enlear, enredar, envolver, por esse sentimento essencial à vida.