
Não tranque as portas. Não levante muros.
Não destrua as pontes. Não apague caminhos.
Deixe seus sinais nos lugares por onde passar
Deixe sempre suas lembranças nas pessoas
Conserve suas trilhas abertas e os atalhos limpos
Porque um dia você foi. Fechou a porta e partiu.
Atravessou tantas pontes, cruzou algumas fronteiras
Passou por tantos lugares impensados
Encontrou muitas pessoas desconhecidas
Seguiu por trilhas surpreendentes, atalhos perigosos Mas você foi. Deixou tudo para um dia ir.
Nada o atraiu. Nada o chamou. Nada o prendeu.
E poderá, por isso, um dia querer voltar.
E, num ímpeto, em sentido contrário caminhará
Buscando o inverso das trilhas, a bifurcação dos atalhos
Revendo aquelas mesma pessoas pelas quais passou
E passará as mesmas fronteiras, terá as mesmas pontes
Voltando pelo mesmo exato caminho da ida
Até encontrar aquela mesma porta por onde já saiu.
Nem precisa bater, se você não a trancou quando se foi
Bastará empurrá-la, e entrar, quando voltar.