Silêncio. Façam silêncio
Quero dizer-vos minha tristeza, minha saudade
E a dor, a dor que há no meu canto…
Ó silenciai, vós que assim vos agitais
Perdidamente em vão.
Meu coração vos canta
A mais dolorosa das histórias…Minha amada partiu, partiu
Ó grande desespero de quem ama
Ver partir o seu amor…
(A mais dolorosa das histórias)
Continuando a semana em homenagem a Vinicius, pelo dia de seu aniversário – 19.10, mais um trecho de depoimento dele e um soneto….
Moro em Paris, mas não há nada como o Rio de Janeiro
Para me fazer feliz (e infeliz). Desde os 7 anos venho fazendo versinhos.
Gosto muito de beber e bebo bem (hoje menos
Do que há dez anos atrás). Minha bebida é o uísque
Com pouca água e muito gelo. Gosto também de dançar
E creio ser essa coisa a que chamam de boêmio.
Em Oxford, na Inglaterra, estudei literatura inglesa
O que foi para mim fundamental. Gostaria de morrer
De repente, não mais que de repente, e se possível
De morte bem natural.
(Vinicius, por Vinicius)
Soneto da hora final
Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente
O beijo leve de uma aragem fria.
Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também com nostalgia
E partiremos, tontos de poesia
Para a porta da treva aberta em frente.
Ao transpor as fronteiras do Segredo
Eu, calmo, te direi: – Não tenha medo
E tu, tranquila, me dirá: – Sê forte.
E como dois antigos namorados
Noturnamente tristes e enlaçados,
Nós entraremos nos jardins da morte.