Na pausa para o segundo turno

Reconheço: sou “bicho do mato”.

Não gosto de final de ano nem das festividades de final de ano e muito menos das comidas de final de ano.

Pronto, falei.

O Natal já foi, ufa!

Agora aguentar uma semaninha mais ou menos, tipo meia-boca e chega o réveillon, ou a conhecida “passagem do ano”.

Que não passa nada. Passamos nós.

Alguns, de tanto beber, passam mal.

Outros, de tanto comer, passam ainda pior.

E muitos, simplesmente, na bebedeira, levam um “passa fora!”.

Festinha mais sem-vergonha esse tal de réveillon.

Deveria se chamar revelão, porque revela muita coisa sobre muitas pessoas.

Por exemplo, como uma pessoa encantadora pode se tornar inconveniente e chata quando bebe além da conta.

Eu ainda não entendi qual a necessidade de se beber tanto na noite do réveillon.

E se tem alguém que gosta de whisky, de vodca, de champagne… esse alguém sou eu.

Mas sempre fiz questão de sair das festas andando sozinha sobre meus saltos 12. Controlo perfeitamente a bebida.

Segredo: alternar álcool com água (com ou sem gás), nunca beber antes de comer algo sólido e jamais beber qualquer álcool misturado com açúcares em geral.

Além das chatíssimas, inconvenientes e intermináveis festinhas de fim de ano da firma – vergonha compartilhada, há as “despedidas do ano” em família.

Voltam os dois dias de hipocrisia já vencidos no Natal.

Véspera e dia.

Novamente os parentes chatos, os amigos nem tão amigos assim, e as piadinhas batidas e sem graça dos últimos cem anos.

E as perguntas indiscretas. E os messiânicos com seus conselhos que ninguém pediu.

É tudo tão igual, mas tão igual, que se você foi, pela primeira vez, no colo da sua mãe, ainda bebê, e em mais três ou quatro quando começou a crescer, não precisa ir mais.

Já viu tudo.

Já ouviu tudo.

Já entendeu tudo.

Não há necessidade de estar junto nem nada para se festejar. Juro que ficar sozinho nessas ocasiões pode ser maravilhoso.

Claro, se você for uma pessoa maravilhosa. Nada melhor que estar com pessoas maravilhosas, por isso muitas vezes prefiro estar sozinha.

Sério, pessoal, melhor coisa nessas épocas é sumir.

De verdade.

Desaparecer dia 15 de dezembro e ressurgir, assoviando, com cara de quem só foi até ali na esquina ver se a padaria estava aberta, no dia 05 de janeiro.

Tentem, depois me contem (já fiz isso mais de uma vez e foi muito bom).