Nostalgia e covardia

Nostalgia.

Como sobreviver a esse sentimento tão intenso?

Tão forte que faz mais sentido em sua raiz grega, nóstos e ἄλγος.

Na alma há limitação para  o espaço da alegria. Do sonho. Da esperança.

Mas a parte destinada à dor, à melancolia, à saudade, essa parte não tem limites. E, muito menos, à nostalgia.

Nesses tempos estranhos que vivemos, mais e mais alimentamos a nostalgia.

Sentimos falta de nosso passado, de nossa rotina, de nossa própria vida. Sentimos falta de nosso viver.

E temos de seguir todas as regras, mesmo não concordando com tudo o que acontece. Mesmo sabendo que não precisava ser tão ruim. Que poderia ser mais leve se encarado com bom senso.

E assim lá se vão dezesseis meses perdidos na nossa curta vida.

Sentimos a dor da impotência diante do aumento do desemprego, fome e miséria. Sentimos saudade de tudo o que perdemos de vida, liberdade e sonhos.

Tudo isso dói.

Mas a nostalgia, ah, essa dói mais que tudo.

O isolamento em si não é sofrido. A proibição causa sofrimento. A compulsoriedade causa sofrimento.

A separação forçada das pessoas que amamos.

A impossibilidade de se viajar, de se conviver, de se viver.

As almas – especialmente as almas livres e as almas nômades – não podem ser contidas. São pássaros de voo alto, que não se prendem em gaiolas nem literais nem figuradas. Nem de grades nem de convenções sociais.

Sou desse grupo, de alma livre.

Vamos voltar à vida, reassumir nossas funções, recuperar a alegria que um dia tivemos.

Que fique em casa quem quiser. Quem puder. Quem se acovarda diante da morte.

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