
Eu acreditava que distância era substantivo abstrato. E que saudade também fosse algo abstrato. Mas descobri que distância e saudade podem ser concretas. Existem, machucam e causam dor. Trópicos, rios, florestas e o tempo nos distanciaram, mas nada disso conseguiu nos separar. Deito agora nessa rede na varanda e olho para o céu: o sol que me iluminou nesse dia é o mesmo que agora te aquece. A lua que não vejo mas sei existir talvez esta noite brilhará para você. As estrelas que aqui eu vejo serão as mesmas que você verá. Respiramos o mesmo ar. O mesmo céu nos cobre. Essa saudade que me sufoca e umedece os meus olhos é a mesma que te traga e te incomoda. É tão grande, tão intensa, que sinto poder tocá-la. Ela existe, mora comigo, está em mim. E toda essa distância, tão medida, tão concreta, não nos pode separar nem trouxe esquecimento. Nossos pensamentos nos levam um ao outro e assim, juntos na distância, unidos na saudade, esperamos pelo momento mágico de um reencontro. Que virá. Que virá...
(Imagem: banco de imagens Google)